Ex-vice-presidente do Congo é condenado por crimes contra a humanidade
Jean-Pierre Bemba Gombo foi julgado por crimes de estupros, assassinatos e saques em massa cometidos entre 2002 e 2003
O Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia considerou nesta segunda-feira Jean-Pierre Bemba Gombo, ex-chefe militar do Movimento para a Libertação do Congo (MLC), culpado de três crimes de guerra e dois contra a humanidade, cometidos por suas tropas na República Centro-Africana entre 2002 e 2003. Os juízes avaliaram que o ex-vice-presidente do Congo é penalmente responsável por esses crimes, por ser – na época – o comandante militar das tropas do MLC. Bemba Gombo foi preso na Bélgica em 2008 e desde então vem aguardando seu julgamento numa penitenciária.
A Corte julgou Bemba Gombo culpado por não impedir seus homens de cometerem estupros, assassinatos e saques, considerados crimes de guerra, e por colaborar com violações e assassinatos na República Centro-Africana (RCA). O TPI considerou provado que Bemba Gombo tinha autoridade e controle sobre as tropas do MLC que cometeram os crimes. Em 2002 e 2003 o então presidente da República Centro-Africana, Ange-Félix Patassé, pediu ajuda militar a Bemba Gombo para enfrentar o movimento rebelde, liderado pelo então chefe das forças armadas da RCA, François Bozizé. Os ataques dos membros do MLC na RCA foram extensos e sistemáticos, e deixaram um grande número de vítimas.
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Os juízes consideram provado que as tropas do MLC dispararam contra civis que tentaram evitar o saque às suas casas e que estupraram mulheres e meninas, algumas de apenas 10 anos. Algumas destes ataques sexuais foram cometidos por grupos de até 12 milicianos, que nos saques roubaram dinheiro, roupas, móveis, documentos e comida das casas das vítimas, “as deixando sem nada”, como declarado na sentença.
Os magistrados também concluíram que Bemba Gombo se comunicou continuamente com os comandantes de suas tropas enviadas à RCA e inclusive visitou o país durante o conflito. “Bemba Gombo não tomou medidas suficientes para evitar os crimes, nem fez esforços para cooperar com os organismos internacionais que queriam investigá-los”, afirma a sentença o TPI, que concluiu que ele “sabia que estes crimes tinham sido cometidos ou que estavam a ponto de serem cometidos”.
Ainda cabe recurso da defesa, mas a sentença sobre o caso será ditada em outra audiência. Bemba Gombo pode pegar até 30 anos de prisão ou até mesmo perpétua. Ele se declarou inocente. Gombo e outros quatro colaboradores também são réus em outro processo no TPI, acusados de obstrução da Justiça por terem tentado influenciar algumas testemunhas, entre o final de 2011 e novembro de 2013, para que cometessem perjúrio.
(Com agência EFE)