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Ex-Miss Turquia pode ir para a cadeia por criticar o presidente

Merve Buyuksaraç postou um texto satírico com referências críticas ao presidente. A Justiça pede dois anos de detenção por 'insultar um integrante do poder público'

Por Da Redação
26 fev 2015, 10h52

A promotoria da Turquia pediu nesta quinta-feira a prisão da modelo Merve Buyuksaraç por ela ter publicado uma crítica ao presidente Recep Tayyip Erdogan em sua conta do Instagram. Merve foi Miss Turquia em 2006 e é uma modelo popular no país. A crítica foi compartilhada por quase 1 milhão de pessoas nas mídias sociais. “Nós não recebemos a convocação do tribunal, isso significa que o tribunal ainda não decidiu se aceita ou não a acusação”, disse Merve em entrevista por telefone à agência EFE. A promotoria de Istambul pediu que a jovem seja processada por insultar um integrante do poder público. Uma corte local ainda vai decidir se o julgamento irá adiante e, caso a modelo seja condenada, ela pode pegar até dois anos de prisão.

A polícia interrogou a modelo em janeiro por causa da publicação, em agosto de 2014, de uma paródia do hino nacional. No texto, um político ladrão e corrupto fazia sua confissão. O texto rimado, intitulado “Poema do chefe”, não menciona o nome de nenhum político; mas faz referências a Erdogan, que na época era o primeiro-ministro do país e estava enfrentando graves denúncias de corrupção em seu governo.

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Merve Buyuksaraç
Merve Buyuksaraç (VEJA)

“Eu ganhei por onze anos e vou continuar roubando / Quem seria louco o suficiente para me julgar? Pergunto-me”, dizem algumas frases do texto. O atual presidente Erdogan permaneceu por durante onze anos como primeiro-ministro da Turquia, até ser substituído pelo aliado Ahmet Davutoglu no ano passado. Outra referência, ainda mais evidente, aparecia nas estrofes: “Acumulados em casa eu tenho vários milhões de dólares / e para reduzi-los a zero, tenho um filho como Bilal”. O terceiro filho de Erdogan chama-se Bilal. Um ano atrás, meios de comunicação turcos divulgaram uma conversa telefônica que flagrava Bilal conversando com seu pai. Erdogan advertiu seu filho de uma operação policial iminente e pediu para ele “se livrar do dinheiro” que tinham em casa.

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“Eu compartilhei o poema quando Erdogan ainda não era presidente e ser acusada foi uma grande surpresa para mim. Eu não achava que corria riscos, porque não é um poema de insultos, é simplesmente divertido”, disse a modelo. “Eles podem me condenar, sabemos isso porque agora há mais de 70 pessoas processadas por acusações semelhantes, e a maioria é celebridades ou jornalistas”, completou.

Também nesta quinta, um dos jornalistas mais conhecidos na Turquia, Can Dundar, teve de se defender em tribunal por publicar uma entrevista com um fiscal relacionado com mesmo escândalo de corrupção que retrata a sátira. Neste caso, a promotoria turca pede nove anos de prisão. A Turquia é composta por uma maioria secular que tem se mostrado temerosa com os rumos tomados pelo país através das políticas do governo, que flertam com leis islâmicas e o totalitarismo.

Mesmo com a reputação abalada, Erdogan conseguiu se eleger presidente no ano passado com 52% dos votos. Nos onze anos em que o político foi primeiro-ministro, o cargo de presidente tinha função cerimonial. Antes de se candidatar ao posto, no entanto, Erdogan assegurou mais destaque à função, colocando em prática poderes como o de convocar o Parlamento e realizar reuniões de gabinete. Um palácio suntuoso, orçado em 615 milhões de dólares (mais de 1,6 bilhão de reais), foi inaugurado em 30 de agosto para abrigar o presidente turco. A oposição alega que a construção simboliza o autoritarismo que tem marcado a gestão de Erdogan.

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(Da redação de VEJA.com)

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