EUA: Republicanos prometem trabalhar com Obama
Líder dos republicanos na Câmara manifestou o desejo de trabalhar com o presidente democrata em prol do país. Analistas descartam mudanças bruscas
Líderes republicanos no Congresso dos Estados Unidos disseram que querem trabalhar com o presidente americano Barack Obama no próximo ano para aprovar leis importantes. Eles também pediram que Obama se mostre aberto a cooperar com a maioria republicana no Congresso. Em um comunicado, John Boehner, líder republicano da Câmara, disse que seus correligionários estão gratos pela vitória, mas estão prontos para começar a trabalhar.
Estamos honrados “pela responsabilidade que o povo americano colocou em nós, mas este não é um momento de celebração. É hora de o governo começar a obter resultados e implementar soluções para os desafios que nosso país enfrenta, começando com a nossa economia” que ainda tem dificuldades, afirmou Boehner. Ele também disse que o novo Congresso vai “debater e votar em breve sobre projetos do mercado de trabalho e de energia que foram aprovados na Câmara liderada por republicanos nos últimos anos com apoio bipartidário, mas que nunca foram levados a votação pela então maioria no Senado”. Segundo o deputado, também serão analisadas soluções oferecidas pelos republicanos do Senado que, anteriormente, não foram levadas em consideração. Boehner disse que quer agir em projetos para reformar o código tributário, controle de gastos e o sistema regulatório.
Leia também
Republicanos assumem controle do Congresso americano
Republicanos vencem também nos Estados
Em entrevista, Obama antecipa fracasso nas eleições
Washington DC e Oregon aprovam legalização da maconha
Embora teoricamente as chances dos democratas manterem a maioria no Senado fossem reais, o cenário mais provável era o que por fim se desenhou, devido à forte tendência conservadora dos Estados em disputa como Montana, Dakota do Sul, Louisiana e Virgínia Ocidental, afirmou o cientista político John Fortier à CNN. “As eleições de metade de mandato tendem a ser contra o partido que está na Casa Branca”, disse.
Por outro lado, as eleições legislativas tendem a mobilizar menos o eleitorado, algo que, como explicou José Dante Parra, ex-assessor do líder da maioria democrata do Senado Harry Reid, ajuda sempre os conservadores. “Geórgia, Arkansas e Carolina do Norte foram Estados nos quais Obama já perdeu em 2012, são estados conservadores, e a vitória dos republicanos não é uma surpresa”, apontou Parra em referência a três das cadeiras-chave que ajudaram os conservadores a recuperar o controle total do Congresso americano.
As surpresas vieram por meio das derrotas democratas em alguns dos governos estaduais que sempre foram “azuis” (a cor dos democratas), como Maryland ou Massachusetts. Os resultados do pleito deram aos republicanos sua maior vitória durante a era Obama, e afasta a derrota no ano de 2008, quando, embalado pela esperança da candidatura daquele que viria a ser o primeiro presidente negro da história do país, o Congresso passou totalmente para controle dos democratas.
Caio Blinder: Gangorra quebrada
No entanto, como ressalta Fortier, o controle total do Congresso para os conservadores pode não representar necessariamente uma virada radical na estratégia do Legislativo em relação às políticas vindas da Casa Branca, sobretudo levando em conta a polarização que o Capitólio já experimentou nos últimos anos. “Não vamos ver uma grande mudança nesse sentido”, acrescentou Parra. O mais preocupante para o governo Obama, adverte, serão as indicações pendentes para os cargos do governo, entre os quais o de Procurador-geral, que ficou vago após a renúncia de Eric Holder, e que, sem um Senado majoritariamente democrata, dificilmente será ocupado por um correligionário do presidente.
Obama vai se reunir com um grupo de líderes do Congresso nesta sexta-feira para começar a traçar seus planos políticos para 2015, quando os novos congressistas irão tomar posse e os republicanos terão, pela primeira vez sob a administração do atual presidente, a maioria nas duas casas legislativas, a Câmara de Deputados e o Senado. O presidente assistiu à apuração dos votos na Casa Branca, e não teve muitos motivos para comemorar. “O presidente vai continuar a buscar parceiros no Capitólio, sejam democratas ou republicanos, que estejam dispostos a trabalhar com ele em políticas que beneficiem famílias de classe média”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
(Com Estadão Conteúdo e agências EFE e Reuters)