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EUA: fisco agora é criticado por esbanjar dinheiro dos contribuintes

Novo relatório do Tesouro aponta que IRS gastou mais de 4 milhões de dólares em uma conferência de três dias na Califórnia, em 2010. Desperdício incluiu vídeos de funcionários dançando

Por Da Redação
4 jun 2013, 22h09

Além do caso criminoso de perseguição a grupos conservadores, o Fisco americano agora também enfrenta críticas por desperdiçar o dinheiro dos contribuintes. Dados de uma nova auditoria realizada pelo Tesouro indicam que o Internal Revenue Service (IRS) gastou mais de 4 milhões de dólares em uma única conferência de três dias, realizada na Califórnia, em 2010. Entre os gastos condenáveis estão a reserva de suítes presidenciais em hotéis de luxo em Anaheim, o pagamento de 27.500 dólares a um palestrante e outras dezenas de milhares de dólares em presentes aos participantes. Os mais de 2.000 funcionários que foram à conferência eram recepcionados com coquetéis e brindes como canetas entalhadas. Os gastos foram totalmente aprovados pelos chefes da agência, ressaltou o jornal The Washington Post. “Um gerenciamento efetivo de custo é especialmente importante diante do atual ambiente econômico e do foco na eficiência governamental”, disse o inspetor-geral J. Russell George, responsável pelo relatório. “Certas despesas do IRS associadas à conferência em Anaheim não parecem traduzir um bom uso dos recursos dos contribuintes”.

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Um dos pontos de maior controvérsia relacionados à conferência na Califórnia foi a exibição de dois vídeos de treinamento de funcionários, um deles com seis minutos de duração que fazia uma paródia do filme “Star Trek”. Em outro vídeo, os funcionários ensaiavam uma coreografia. As duas produções custaram pelo menos 50.000 dólares. As críticas aos vídeos e aos gastos excessivos do Fisco tiveram início antes mesmo da divulgação do relatório, nesta terça-feira. O novo chefe da receita americana, Daniel Werfel, antecipou a informação que seria revelada pela auditoria, e já pediu desculpas, para tentar minimizar os danos. Uma tática semelhante à usada por seu antecessor no cargo, Steven Miller que, na tentativa de abafar o escândalo da perseguição a grupos não alinhados ao governo, antecipou a informação – em vão. A conferência de Anaheim foi apenas uma das 225 organizadas pelo IRS nos anos fiscais de 2010 a 2012, que custaram aproximadamente 49 milhões de dólares. No pedido de desculpas, no fim de semana, Werfel classificou os gastos como “um vestígio infeliz de uma era anterior” e acrescentou que o Fisco reduziu significativamente os gastos com eventos recentemente.

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Depoimentos – Representantes de grupos conservadores se emocionaram em vários momentos de uma audiência no Congresso, nesta terça. Eles acusaram o Fisco de esmagar seus direitos e disseram terem sido submetidos a questões invasivas ao solicitar isenção de impostos. “Isso não foi um acidente. Foi um ato intencional de intimidação com o objetivo de anular um ponto de vista”, disse Becky Gerritson, presidente de um grupo direitista de Wetumpka, no Alabama.

Alguns parlamentares democratas questionaram por que os grupos conservadores achavam que tinham direito à isenção quando a lei federal limita as atividades políticas das instituições isentas. “Nenhuma das organizações dos senhores era impedida de se organizar ou era silenciada. Estamos discutindo se o público americano deve ou não subsidiar o trabalho dos senhores”, disse o democrata Jim McDermott, do Illinois. “Cada um desses grupos é altamente político”. O republicano Paul Ryan, do Wisconsin, arrancou aplausos ao sair em defesa dos convidados e acusar McDermott de culpar os grupos conservadores pelo abuso que sofreram. “As pessoas foram perseguidas por suas crenças”, disse. Depois da audiência desta terça, Daniel Werfel voltou à defensiva, divulgando um comunicado no qual classificou os depoimentos das vítimas do abuso do Fisco de “preocupantes” e afirmou ter destacado uma equipe do IRS para rever os casos.

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Financiamento – Na segunda-feira, o republicano Hal Rogers, do estado de Kentucky, afirmou que os parlamentares “deveriam considerar impor condições ao financiamento do Fisco, de forma que o Congresso tenha como monitorar se a agência está seguindo práticas adequadas”. Vários deputados republicanos concordaram com a ideia. “Nós não podemos, em sã consciência, permitir que dólares de contribuintes sejam usados para violar os direitos de cidadãos americanos”, disse Ander Crenshaw, da Florida. Werfel participou da audiência e não questionou a proposta, limitando-se a dizer aos congressistas que a solução para os problemas identificados no IRS não dependia de mais dinheiro. Ele reafirmou que está tomando providências para ‘limpar’ a agência. No final de 2012, quase 300 grupos conservadores estavam sendo submetidos a escrutínio indevido. Em alguns casos, o atraso já durava anos, sem que o pedido de isenção fosse aprovado. “Isso é inaceitável”, disse Werfel.

Liberais – Desde que o escândalo veio à tona, há três semanas, novos detalhes têm mostrado um número crescente de envolvidos e seus métodos de atuação contra os adversários políticos do governo. No fim de semana surgiu a informação de que a mulher do ex-chefe da receita Douglas Shulman trabalha para um grupo liberal. Susan Anderson é conselheira do Public Campaign, organização que tem o objetivo declarado de realizar uma abrangente reforma no financiamento de campanhas que reduza o papel do ‘dinheiro de interesse’. O real objetivo é atingir grupos políticos, como os que foram submetidos a escrutínio indevido pelo IRS, informou o site Breitbart. O site também citou informações publicadas na conta de Susan no Twitter indicando que, de fato, ela também trabalhou na campanha de Barack Obama à reeleição. Shulman dirigiu a receita federal entre 2010 e 2012 – período em que o banditismo se instalou na agência. Em uma audiência no congresso, no ano passado, Shulman garantiu que não havia nenhum tipo de perseguição a grupos opositores no IRS. Ele deixou o cargo em novembro. Depois disso, Miller assumiu interinamente até ser “degolado” depois que o caso veio à tona.

(Com agência Reuters)

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