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Egito liberta jornalista australiano preso há 400 dias

Peter Greste, correspondente da Al Jazeera, foi condenado sob acusação de apoiar a Irmandade Muçulmana. Dois profissionais da rede seguem presos

Por Da Redação
1 fev 2015, 14h51

Após 400 dias atrás das grades, o jornalista Peter Greste, da rede Al Jazeera, foi solto neste domingo pelo governo do Egito. Na sequência, foi expulso do país e enviado de volta a seu país de origem, a Austrália. Outros dois profissionais da rede árabe seguem presos – assim como Greste, são acusados de apoiar a Irmandade Muçulmana de Mohamed Mursi, o presidente islamita deposto pelo Exército.

Em junho de 2014 Greste, correspondente da Al Jazeera no Quênia, e o egípcio-canadense Mohamed Fahmy foram condenados a sete anos de reclusão. O produtor egípcio Baher Mohamed foi considerado culpado por posse de arma de fogo e sentenciado a cumprir dez anos de prisão. Greste, Fahmy e Mohamed estavam produzindo conteúdo em inglês para o canal de notícias quando foram detidos. Greste, correspondente experiente, trabalhou anteriormente para a CNN, Reuters e BBC. Fahmy, chefe do escritório do canal catariano no Cairo, também trabalhou para a CNN.

Outros sete funcionários da rede catariana foram condenados à revelia a dez anos de prisão: Alaa Bayoumi, Anas Abdel-Wahab Khalawi Hasan, Khaleel Aly Khaleel Bahnasy, Mohamed Fawzi, Dominic Kane e Sue Turton. Todos os condenados foram considerados culpados por colaborarem com o grupo político-religioso Irmandade Muçulmana, que foi proibido no Egito. Os condenados à revelia não correm o risco de serem presos, pois estão fora do Egito.

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A Al Jazeera sempre rejeitou as acusações contra seus jornalistas e mantém a convicção de inocência de seus funcionários. Para a rede catariana, os jornalistas estavam apenas exercendo sua profissão e conversando com todos os lados envolvidos nos conflitos políticos no Egito. Greste, Fahmy e Mohamed foram presos em dezembro, no Cairo, quando eles cobriram as consequências da remoção de Mohamed Mursi da presidência.

A Irmandade Muçulmana, que apoiava Mursi, foi considerada uma organização “terrorista” pelo governo egípcio pouco antes de os acusados ​​serem presos. A acusação produziu uma série de itens como “prova”, incluindo um podcast para a BBC – uma reportagem em áudio feita enquanto nenhum dos acusados ​​estava no Egito. Entre as “provas” também está um vídeo pop do cantor australiano Gotye e diversas “músicas que são contra as questões egípcias” encontrados nos celulares dos jornalistas.

A defesa sustentou que os jornalistas foram injustamente presos e que a promotoria não conseguiu provar nenhuma das acusações contra eles. O diretor de conteúdos em inglês da Al Jazeera, Al Anstey, disse que os veredictos desafiam “a lógica, sentido e qualquer aparência de Justiça”. Em uma declaração publicada no site da rede, Anstey afirma que: “três colegas e amigos foram condenados e continuarão a ser mantido atrás das grades por terem feito um trabalho brilhante de ser grandes jornalistas”. Para o diretor da Al Jazeera, os jornalistas são “culpados por defenderem o direito das pessoas de saber o que está acontecendo no mundo”.

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Fahmy deve ser solto nos próximos dias e será deportado para o Canadá. Ainda não há informações sobre o terceiro membro da equipe, o egípcio Baher Mohamed. A noiva de Fahmy disse que esperava que ele fosse libertado logo da prisão de Tora, no Cairo, e deportado para o Canadá. “A deportação está no estágio final. Estamos otimistas”, disse Marwa Omara à Reuters.

O momento da liberação de Greste foi surpreendente: apenas dias depois do Egito sofrer um dos seus ataques mais sangrentos em anos. Mais de 30 membros das forças de segurança foram mortos na quinta-feira à noite no Sinai, e os comentários do presidente Abdel Fattah Sisi sugeriam que ele não estava disposto a ceder. Segundo um decreto recente promulgado por Sissi, os jornalistas estrangeiros condenados no Egito podem ser deportados para cumprir as penas em seus países de origem, mas é improvável que Greste ou Fadel Fahmy sejam julgados.

A Al Jazeera disse que a sua campanha para libertar os jornalistas do Egito não terminaria até que os três fossem soltos. “Estamos felizes por Peter e sua família, agora que eles estão reunidos. Foi uma provação incrível e injustificável para eles, que lidaram com tudo isso muito dignamente”, disse em um comunicado. “Não vamos descansar até Baher e Mohamed também recuperarem a liberdade. As autoridades egípcias podem terminar essa história hoje, se quiserem, e é isso que elas precisam fazer”.

(Com agência Reuters)

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