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Diretor da Opaq fala sobre restrições ao trabalho na Síria

Responsável por logística e apoio aos inspetores, brasileiro conta como está sendo realizado o trabalho de destruição do arsenal químico do regime Assad

Por Edoardo Ghirotto
20 out 2013, 13h22

O trabalho de supervisão do processo de destruição do arsenal químico da Síria catapultou a Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq) para a conquista do Prêmio Nobel da Paz deste ano. A ironia está no fato de os técnicos da instituição estarem atuando em um país em guerra. “A Síria é um caso muito especial. Nunca precisamos fazer essas atividades no meio de um combate armado”, disse ao site de VEJA o brasileiro Marcelo Kós Silveira Campos, diretor de investigação da Opaq.

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A guerra civil no país levou a organização a pedir um cessar-fogo para que suas equipes possam trabalhar. A Opaq também alertou que o acesso a algumas instalações passa por regiões controladas por rebeldes, que dificultam a passagem dos inspetores. As declarações levaram a opositora Coalizão Nacional Síria a afirmar que nenhum local de armazenamento está sob controle rebelde. O brasileiro explica que a atuação das equipes da Opaq não vai além do que é informado pelo regime de Bashar Assad, contra o qual os rebeldes lutam. “O fato de os rebeldes terem posse de armas químicas é algo de que a Opaq não tem conhecimento. Estamos fazendo um trabalho muito restrito. Temos que checar as informações fornecidas pelo governo e acompanhar a destruição dos arsenais que eles dizem possuir”.

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​O trabalho da Opaq, em conjunto com inspetores da ONU, foi incluído na resolução aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas no final de setembro, que prevê a destruição do maquinário usado na produção de armas químicas até novembro deste ano e a destruição de todo arsenal químico até o fim do primeiro semestre do ano que vem. A resolução só foi aprovada depois que as potências ocidentais abriram mão da punição automática ao regime de Bashar Assad em caso de descumprimento – atendendo uma reivindicação da Rússia, aliada da Síria. “Todas as chances e cartas estão com a Síria. Ela precisa cumprir com sua obrigação”.

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Nesta segunda, as diretrizes da Convenção de Armas Químicas entraram em vigor na Síria, que se tornou o 190º país a assinar o tratado. Angola, Coreia do Norte, Egito e Sudão do Sul são os países não signatários do pacto. Israel e Mianmar assinaram o documento, mas não o ratificaram. Além de proibir o uso de arsenal químico no campo de batalha, a convenção também veta o desenvolvimento, a estocagem e a transferência de arsenal tóxico.

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Operação – O brasileiro é o responsável pela logística e apoio aos inspetores enviados para acompanhar a destruição das armas químicas de Assad. Ele explica como a operação está sendo desenvolvida pela Opaq: “Temos três equipes que estão trabalhando na primeira fase do processo, que consiste na conferência de informações passadas sobre o conteúdo e localização do arsenal químico. A Opaq não vai destruir nada. Ela vai acompanhar a destruição que os sírios têm de fazer”, salienta.

Os investigadores já acompanharam a destruição de alguns artefatos que poderiam ser usados na produção de arsenal tóxico. Agora, discutem quais procedimentos serão seguidos para inutilizar as armas carregadas. “Ao contrário dos agentes químicos, que são neutralizados com uma reação relativamente simples, as armas carregadas precisam ter os projéteis destruídos. Existe todo um processo para desativar esse projétil, que tem uma carcaça metálica.” Por fim, os líquidos resultantes da neutralização dos agentes químicos deverão ser incinerados ou tratados biologicamente. “Todo o processo será neutralizado na própria Síria”.

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Como signatária da Convenção de Armas Químicas, a Síria ficará sujeita às inspeções rotineiras da Opaq mesmo depois de concluída a operação de destruição do arsenal químico. Isso, na teoria, já que a guerra civil dificulta a ação das equipes mesmo sob mandato do Conselho de Segurança – que só agiu depois de um ataque químico ter deixado mais de 1 400 mortos no subúrbio de Damasco. “De alguma maneira, os países chegaram à conclusão de que armas químicas não são uma forma aceitável de atuar numa guerra. Pelo fato de existir todo esse processo de banimento já acordado, o uso dessas substâncias provoca uma aversão internacional”.

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