Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

‘Deus proverá’, diz Maduro sobre problemas econômicos

Com preço do petróleo em queda e desastre econômico em alta, presidente da Venezuela terceiriza ao divino a busca por soluções

Por Da Redação
22 jan 2015, 19h42

Deus anda muito atarefado com alguns países da América Latina. Não bastasse o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, ter evocado a brasilidade de Deus como saída para a crise energética no Brasil, Nicolás Maduro agora também colocou na conta divina os anos de erros que arrastam a economia venezuelana para o fundo do poço.

Em mensagem anual, transmitida pela TV direto da Assembleia Nacional, ao longo de cansativas 3 horas, o presidente da Venezuela reconheceu os problemas agravados pela queda no preço do petróleo, mas tentou tranquilizar a população. “O barril caiu de 96 para 40 dólares, mas não nos faltarão recursos. O petróleo nunca voltará aos 100 dólares, mas Deus proverá. Jamais faltará à Venezuela”.

O pronunciamento foi feito na noite de quarta-feira, seis dias depois do prazo máximo previsto na Constituição, mas esse detalhe pareceu menor diante das expectativas de que anunciasse medidas concretas para enfrentar as dificuldades de economia que tem no petróleo sua maior fonte de divisas.

Leia também:

Venezuela confirma recessão; inflação segue aumentando

Congresso dos EUA aprova sanções contra a Venezuela

Gasolina e dólar – Em quase três horas de falatório, Maduro mencionou a possibilidade de aumentar o combustível mais barato do mundo, dizendo que a gasolina é quase dada de presente e que é preciso começar a cobrar por ela. Na Venezuela, é possível encher o tanque de 60 litros de um modelo sedan por menos de um dólar.

Continua após a publicidade

O presidente já havia rejeitado várias vezes a ideia de aumentar o preço do combustível por ser uma questão muito sensível para os venezuelanos, mas está ficando sem opções. “Se vocês quiserem, crucifiquem-me, matem-me”, disse, anunciando um debate sobre o tema. Ele acrescentou que encaminhará uma proposta nos próximos dias ao seu vice, Jorge Arreaza, mas puxou o freio ao declarar: “Não há pressa”.

A desvalorização deve aumentar a pressão sobre os preços na Venezuela, que já é o maior das Américas (64% em 2014). Alguns economistas temem que a mudança represente uma medida paliativa de efeito rápido, mas que não soluciona os problemas econômicos estruturais. “No geral, o registro histórico é bastante extenso e claro ao indicar que sistemas com várias taxas cambiais são muito difíceis de administrar e acabam em colapso”, disse Alberto Ramos, da Goldman Sachs.

Evitando a todo momento a palavra desvalorização (apesar de tudo indicar que esse será o resultado), ele também anunciou uma mudança no complexo sistema cambiário do país, que tem quatro marcadores do preço do dólar americano. Segundo o jornal espanhol El País, uma das cotações, de 6,30 bolívares por dólar, é destinada a compra de alimentos essenciais e medicamentos. Outra, de 12 bolívares (chamada de Sicad I), é usada para a cobrança de consumo no exterior e importações não prioritárias. O Sicad II, correspondente a 50 bolívares por dólar é usada no leilão de quantidades limitadas de divisas para indivíduos e empresas. Há ainda o preço de 175 bolívares encontrado no mercado negro. Maduro anunciou que vai manter o dólar a 6,30 bolívares para o que chamou de “importações prioritárias” e unificará as taxas do Sicad I e II.

Continua após a publicidade

Leia mais:

Reprovação a Maduro ultrapassa 70% na Venezuela

Nem Maradona aguenta falatório de Maduro

Continua após a publicidade

Eleições – Mais do que apresentar soluções, o que o presidente fez em seu pronunciamento foi propaganda eleitoral em um ano considerado crucial para o chavismo. No segundo semestre serão realizadas eleições parlamentares e o oficialismo quer manter o controle da Assembleia Nacional. Para isso, no entanto, terá de lidar com a queda na popularidade de Maduro, resultado do desastre na economia e também dos abusos contra opositores e manifestantes durante a onda de protestos que tomou conta do país no ano passado.

Junto com a manutenção de programas assistenciais – mantidos com o dinheiro do petróleo – o chavista anunciou um aumento de 15% no salário mínimo e nas pensões a partir de fevereiro e de mais de 100% nas bolsas destinadas a estudantes do ensino médio (de 200 para 500 bolívares por mês).

Também prometeu construir 400.000 habitações populares e inspecionar distribuidoras e comercializadores para evitar o represamento de produtos, controlando ainda mais a cadeia de comércio já estrangulada pela fiscalização imposta pelo governo para tentar conter a crise de abastecimento – decorrente, na verdade, da péssima gestão econômica do país. O pacote de promessas paliativas inclui ainda a inauguração de mais de trinta unidades Pdval, a rede de supermercados dependente da estatal petrolífera.

Continua após a publicidade

As medidas pinceladas não vão significar uma mudança no modelo bolivariano, fez questão de ressaltar o presidente. “Não enfrentaremos esta crise com as fórmulas do Fundo Monetário Internacional nem com um governo de direita”, esbravejou, sem deixar de criticar adversários políticos e se dizer vítima de um complô para derrubá-lo.

Ao lado de uma foto gigante do antecessor Hugo Chávez, previu, confiante, que “2015 será o ano da vitória e do renascimento econômico”. Só mesmo uma intervenção divina para tirar a Venezuela do atoleiro.

(Com agência Reuters)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.