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Coreia do Sul entrega primeiros cachorros à adoção para deixar de comê-los

Cerca de 200 animais serão encaminhados para famílias nos EUA; os sul-coreanos consomem 2 milhões de cachorros por ano, mas a prática vem caindo nos últimos tempos

Por Da Redação
21 set 2015, 14h27

O hábito de comer carne de cachorro na Coreia do Sul está perdendo força. Alguns produtores fecharam suas fazendas caninas e decidiram entregar para adoção quase 200 animais a famílias dos Estados Unidos.

“Quando vendia um cachorro a um distribuidor ou a algum restaurante, às vezes meus olhos se enchiam de lágrimas”, contou Kim Jin-young, de 53 anos, que até o mês passado administrava com o seu marido uma fazenda com mais de 100 cães para consumo humano.

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Kim foi a terceira fazendeira a aderir à campanha da Humane Society International (HSI), que desde janeiro oferece apoio econômico e logístico aos produtores sul-coreanos que decidem trocar a criação de cachorros por outra atividade – Kim optou pela agricultura.

A ONG, que também atua no Brasil em três frentes, libertou 186 cachorros sul-coreanos para enviá-los a São Francisco. “Estamos conseguindo, mas ainda resta muito trabalho a fazer”, reconheceu Kelly O’Meara, diretora de animais de companhia e engajamento da HSI.

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Na Coreia do Sul, existem ainda mais de 17 mil fazendas ativas e anualmente 2 milhões de cachorros são usados como comida, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Há anos, a carne de cachorro, ou “kaegogi”, faz parte da dieta coreana, pois a ela são atribuídas diversas propriedades, como aumentar o vigor sexual masculino ou acelerar o processo pós-cirúrgico.

Embora nas áreas rurais qualquer cão possa acabar na panela, em geral os destinados ao consumo carecem de ‘pedigree’. São os chamados “ddonke”, de tamanho médio ou grande, destinados a ser sacrificados, depilados e fervidos na panela.

“Na Coreia do Sul, existe a percepção de que certos cachorros são animais de estimação e outros são para comer”, disse a diretora da ONG, que garante que “esta ideia equivocada está acabando aos poucos”.

De fato, nos restaurantes especializados em “kaegogi” é cada vez é mais difícil ver clientes jovens e principalmente mulheres, pois consideram repugnantes o cheiro e o sabor da sopa de cachorro ou “boshintang”. O número de restaurantes que servem o prato caiu pela metade na capital Seul – de 1.500 para 700 estabelecimentos.

Além disso, na medida em que Coreia do Sul se transforma em um país desenvolvido, onde milhões de pessoas têm cachorros como animais de estimação, se abre um debate ético sobre o costume de comer cachorro e sobre como estes animais são tratados nas fazendas.

Associações de defesa dos animais denunciaram que grande parte dos “ddonke” vivem amontoados em jaulas sem higiene e, para sacrificá-los, às vezes são usadas técnicas cruéis.

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No Moran Market, em Seul, é possível ver gaiolas com cachorros de diversas cores e raças que dividem um espaço mínimo à espera de ser sacrificados e cozinhados nos restaurantes da região.

Esta situação é atribuída em grande parte à brecha legal que existe no país sobre a criação de cães para o consumo humano. De acordo com legislação sul-coreana, seu consumo não está regulado, embora também não seja penalizado.

Assim, as condições de criação e cativeiro, o sacrifício e a qualidade da carne estão exclusivamente nas mãos dos fazendeiros, distribuidores e vendedores.

A Coreia do Sul não é o único país na Ásia a consumir carne de cachorro. Aos dois milhões de cães que os cidadãos deste país devoram anualmente se somam outros cinco milhões no Vietnã e cerca de 10 milhões na China, segundo dados da HSI.

(Com agência EFE)

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