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Chefe de polícia da Índia compara legalização de apostas à de estupros

Ranjit Sinha, responsável pela polícia federal do país, pediu desculpas por afirmar que as mulheres deveriam se conformar com os abusos sexuais

Por Da Redação
13 nov 2013, 17h37

O chefe da polícia federal da Índia, Ranjit Sinha, fez nesta quarta-feira uma infeliz analogia para comparar crimes envolvendo apostas, que são ilegais no país, a estupros. Durante uma coletiva de imprensa, Sinha foi questionado por um repórter se as autoridades cogitavam legalizar as apostas para diminuir a elevada incidência de crimes desta natureza. “Nós temos meios de fazer a lei ser cumprida? É muito fácil dizer isso se você não consegue fazê-la ser respeitada, é como dizer que se você não pode prevenir os estupros, você deveria aproveitá-los”, afirmou.

A Índia enfrentou ao longo deste ano uma série de manifestações populares que cobravam das autoridades uma política de prevenção aos constantes estupros que vinham acontecendo no país. Pressionado, o governo foi forçado a modificar a legislação e endurecer as penas contra os crimes sexuais. Mas Sinha demonstrou que o despreparo das autoridades ainda aparece como um dos grandes entraves para o país combater os crimes de violência sexual.

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Segundo o jornal The Guardian, a principal reclamação dos ativistas tinha como alvo a forma como as autoridades se comportavam diante de casos envolvendo abusos sexuais. Um estudo recente realizado na Índia apontou que de quarenta casos de estupro que terminaram com absolvições dos suspeitos em Nova Délhi, mais da metade foi inocentada devido à incapacidade da polícia em efetuar as investigações adequadas.

Diante da repercussão negativa que a indevida declaração alcançou, Sinha foi a público pedir desculpas por ter causado qualquer tipo de sofrimento entre a população. Ele disse que os seus comentários haviam sido mal interpretados e tirados fora do contexto original. Para o chefe da polícia, a sua declaração foi apenas “um provérbio para emitir um ponto de vista”. Ativistas, no entanto, se espalharam pelo país para pedir a sua renúncia.

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Brinda Karat, líder de um partido de esquerda na Índia, disse que a declaração de Sinha foi ofensiva para as mulheres de todo o mundo. “É doentio um homem responsável por tratar de diversas investigações de estupro fazer uma analogia desse tipo. Ele deveria ser processado por degradar e insultar as mulheres”, afirmou. Kavita Krishnan, uma ativista membro da Associação Progressiva para as Mulheres Indianas, também endossou o coro. “Como é possível que ele permaneça como chefe de uma agência de investigações”, declarou.

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Em setembro, a Justiça da Índia condenou quatro dos seis acusados de estuprar uma estudante de fisioterapia à pena de morte. A jovem sofreu os abusos quando voltava do cinema com um amigo, em dezembro do ano passado, e morreu em decorrência dos ferimentos. O caso deu início às ondas de indignação contra a violência sexual e levou milhares de pessoas às ruas. Um quinto envolvido no crime, que é menor de idade, recebeu três anos na prisão, enquanto um sexto criminoso se suicidou na cadeia, de acordo com a versão oficial da polícia.

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