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Chefe de aliança opositora renuncia ao cargo na Venezuela

Crise desencadeada entre partidos contrários ao chavismo fez com que Ramón Guillermo Aveledo entregasse o posto exercido na Mesa da Unidade (MUD)

Por Da Redação
1 ago 2014, 07h23

Ramón Guillermo Aveledo renunciou nesta semana ao cargo de secretário-executivo da Mesa da Unidade (MUD), a aliança de partidos políticos de direita e opositores ao chavismo na Venezuela. O anúncio, segundo o jornal espanhol El País, foi inesperado, embora Aveledo tenha dito que o seu cargo estava à disposição desde as eleições municipais de dezembro do ano passado. A oposição, inclusive, começou a se reunir na segunda-feira para se reestruturar e encontrar a melhor forma de concorrer de igual para igual com os aliados do presidente Nicolás Maduro nas eleições parlamentares de setembro de 2015. Em nenhum momento foi mencionada a troca do conselho diretivo da MUD durante o encontro.

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Ao tomarem conhecimento da decisão, todos os partidos da aliança opositora agradeceram a disposição de Aveledo em reunir as alas contrárias ao chavismo em uma plataforma eleitoral capaz de realmente fazer oposição aos partidos governistas entre 2010 e 2013. Os opositores afirmavam que Aveledo era o político ideal para ocupar o posto devido à sua falta de interesse em ocupar qualquer cargo legislativo no país. Mesmo respeitado por todos os partidos de direita, o ex-chefe da MUD divulgou uma carta lamentando a crise que se instaurou entre as diferentes legendas antichavistas. “Meu trabalho não é ganhar discussões, e sim ajudar a criar consensos. E a situação do país é tão grave que exige máxima eficiência naquilo que esperam de nós. Nas atuais circunstâncias, creio que é melhor me manter de fora pelo compromisso que tenho com a Unidade”, disse. (Continue lendo o texto)

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Aveledo também denunciou as tentativas governistas de enfraquecer a aliança opositora e seu trabalho à frente da MUD. “Uma campanha cruel se desenrolou contra a aliança e o seu instrumento, a MUD. Ela teve início nos laboratórios do poder arrogante, mas não permaneceu ali. A insensatez se espalhou de forma ultrajante. Na fonte ou na foz, praias unitárias foram molhadas pelas águas contaminadas”, declarou. Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e um importante aliado político de Maduro, não tardou a se manifestar nas redes sociais sobre o caso, prometendo revelar “dados” sobre a renúncia de Aveledo. “A MUD não tem reparação. Ela sofreu perda total e não há forma de reestruturá-la, nem que de suas cinzas surja algo novo”, afirmou Cabello à Unión Radio.

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Crise na direita – Segundo o El País, a primeira reunião dos partidos da MUD visando as próximas eleições não transcorreu em clima cordial. O primeiro entrevero entre os opositores ocorreu antes mesmo do início das negociações, quando o secretário-geral do partido Ação Democrática, Henry Ramos Allup, não concordou com a participação dos membros do Vontade Popular, a legenda presidida por Leopoldo López, preso há cinco meses por ter organizado manifestações legítimas contra Maduro. Afrontado pelos desafetos políticos, Allup se negou a permanecer no encontro e abandonou as negociações.

Quando as conversas finalmente foram iniciadas, acusações e enfrentamentos tomaram conta da reunião. Henrique Capriles, ex-candidato presidencial e governador do estado de Miranda, permaneceu em silêncio enquanto os colegas se digladiavam. Julio Borges, representante do partido Primeira Justiça, criticou a decisão do Vontade Popular de convocar manifestações sem consultar as demais legendas da MUD. A ex-deputada María Corina Machado, por sua vez, defendeu a atitude, alegando que os protestos foram cruciais para a queda da popularidade de Maduro. O clima nada amistoso obrigou outros dirigentes a recordarem o propósito da reunião. Omar Barboza, chefe da legenda Um Novo Tempo, disse que a direita não conseguirá chegar ao poder com estratégias políticas tão distintas.

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Capriles só foi se pronunciar após ser acusado por Roberto Enríquez, o presidente do partido COPEI, de ter sido o pivô das divisões na oposição ao rechaçar a convocação de uma marcha até o Conselho Nacional Eleitoral, após as eleições presidenciais do ano passado. Na ocasião, o governador do estado de Miranda preferiu reclamar a vitória ao invés de se manifestar contra as denúncias de fraude que se espalhavam pelo país. Em sua defesa, Capriles afirmou que não se arrependia da decisão e voltaria a tomá-la.

A MUD concordou em se reunir novamente na próxima segunda-feira. Não houve acordos sobre como a aliança opositora será relançada politicamente nem sobre a ausência de um substituto para Aveledo. Antes de anunciar a sua renúncia, o ex-chefe da MUD havia presenciado a saída de Ramón José Medina, seu sucessor imediato. Medina deixou o cargo após dizer que os partidos de direita não deveriam se mobilizar em torno da libertação de Leopoldo López, já que ele deveria ser responsabilizado pelas atitudes que tomou durante os protestos contra Maduro. Inocentar o opositor das acusações que foram formalizadas contra ele é uma questão de honra para o Vontade Popular.

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