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Capitão do Costa Concordia – quem diria – dá palestra sobre gestão de pânico

'É como o Drácula ensinar sobre anemia', diz chefe da Proteção Civil, estupefato. Capitão Francesco Schettino responde criminalmente pelo naufrágio que deixou 32 mortos em 2012

Por Da Redação
6 ago 2014, 21h27

O nome de Francesco Schettino, o antigo capitão do transântlantico Costa Concordia, normalmente não é associado com competência ou organização. Ainda assim, um professor de uma universidade italiana resolveu chamá-lo para ministrar uma palestra sobre “gestão de pânico e crise”. Parece uma piada, só que o convite a Schettino, que atualmente responde criminalmente pelo naufrágio da embarcação e a morte de 32 pessoas, provocou ultraje na Itália.

Segundo a imprensa italiana, a palestra de duas horas ocorreu em julho, e foi destinada a estudantes do curso de mestrado em ciências criminológicas da Universidade La Sapienza, de Roma, a terceira maior da Europa em número de alunos. “Fui convidado como especialista e ilustrei aos estudantes como lidar com situação de controle de pânico. Eu sei como se deve comportar em casos do tipo, e como é preciso lidar com tripulantes de nacionalidades diferentes”, disse Schettino ao jornal La Nazione.

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Schettino nega ter sido responsável pelo acidente envolvendo o Costa Concordia e ter abandonado a embarcação enquanto centenas de passageiros ainda estavam a bordo, apesar da imensa quantidade de evidências que apontam o contrário. Sua conduta no acidente, em 2012, lhe valeu o apelido de “capitão covarde” por parte do público e da imprensa. Logo que a notícia foi divulgada nesta quarta-feira, o reitor da universidade, Luigi Frati, apressou-se em condenar a escolha do capitão como palestrante. Segundo ele, o convite partiu de um professor chamado Vincenzo Mastronardi, que foi imediatemante afastado. “É uma escolha indigna e inoportuna convidar uma pessoa em julgamento por crimes tão graves para uma aula em uma comunidade educacional”, declarou.

A ministra da Educação da Itália, Stefania Giannini, considerou a história toda “desconcertante”. Um grupo de senadores emitiu uma nota afirmando que a palestra “ofende a memória das vitímas e a imagem da Itália aos olhos do mundo”. “É um insulto apontar que ele tenha qualquer capacidade de gestão de pânico”. “Schettino ensinando sobre gestão de pânico? É como se La Sapienza tivesse chamado o Drácula para dar um curso sobre anemia”, ironizou o chefe da agência de Proteção Civil da Itália, Franco Gabrielli.

O professor Mastronardi negou que a palestra fizesse parte do curso e alegou que ela foi restrita a especialistas. À agência italiana AGI, ele afirmou que os advogados de Schettino entraram em contato com a universidade pedindo que ele pudesse participar para garantir o equilíbrio na reconstrução do caso. “Ele sabia que especialistas iam falar sobre o naufrágio e ficou com medo que as versões deles poderiam prejudicar sua defesa. Eu subestimei as consequências, mas não há dúvidas de que, do ponto de vista científico, ter a visão de alguém que participou do trágico evento foi definitivamente interessante”. (Continue lendo o texto)

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Desastre – O naufrágio ocorreu na noite de 13 de janeiro de 2012. Após se chocar contra rochas ao longo da ilha Giglio, no Oeste da Itália, a embarcação de 114 500 toneladas, 57 metros de altura e 290 metros de comprimento virou e afundou. Trinta e duas pessoas morreram.

O capitão Francesco Schettino foi apontado como um dos principais responsáveis pelo acidente. Ele está sendo julgado por uma corte italiana e enfrenta múltiplas acusações, dentre as quais homicídio culposo múltiplo, abandono de navio, naufrágio, omissão de socorro e danos ao meio ambiente. Além de ser acusado de aproximar demais o transatlântico da costa, provocando o choque, ainda deixou o local antes que todos os tripulantes e passageiros fossem retirados.

Um áudio em que o comandante Gregorio Maria De Falco, da Capitania dos Portos de Livorno, ordena a Schettino que volte ao navio e informe quantas pessoas precisam de resgate foi divulgado dias depois do desastre. Schettino tenta se esquivar e irrita a autoridade marítima. “Você está se recusando?”, pergunta De Falco. “Volte a bordo, c***!!” Após a divulgação, a frase passou a estampar camisetas e uma série de objetos na Itália.

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