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Barba no Irã: visual exclusivo de clérigos — ou hipsters

Jovens e artistas têm ignorado o preconceito da população iraniana contra a barba para defender a liberdade de terem a aparência que quiserem

Por Da Redação
24 Maio 2015, 12h51

Hipster ou clérigo. No Irã, essas são as categorias em que se encaixam homens de barba longa e cheia. Ao contrário do que o estereótipo faz pensar sobre o país islâmico, é difícil encontrar homens barbudos pelas ruas das cidades iranianas. Os poucos que são vistos assim são invariavelmente jovens artistas ou religiosos.

Os demais cidadãos da república islâmica preferem manter o rosto liso, sendo que a maioria desaprova e debocha de quem deixa a barba por fazer – um preconceito que se assenta em códigos fundamentalmente políticos. Após a Revolução Islâmica de 1979, que instaurou um regime teocrático dirigido pelos muçulmanos xiitas, a barba virou sinônimo exclusivo das figuras religiosas, reconhecidas por seus pelos longos, brancos e fartos.

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A lei islâmica, segundo a interpretação do Irã, obriga homens e mulheres a se vestirem de tal forma que possam ser reconhecidos “à distância”. O uso da barba, portanto, não é uma obrigação, mas uma recomendação do governo. Sem que houvesse uma imposição por parte das autoridades, no entanto, poucas pessoas deixaram de se barbear, com a exceção de religiosos assíduos, militares e funcionários públicos. Ultimamente, aparar os pelos faciais diariamente se tornou uma forma de expressão contrária ao regime, enquanto uma barba de quatro dias está de acordo com a estética de partidários do governo, policiais, militares e dos Basij, milicianos que respondem diretamente ao aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país.

“Era assim, só esses usavam barba. Mas agora está muito na moda entre os jovens e os mais alternativos. É algo visto na estética masculina internacional e aqui também. De fato ostentamos barbas mais longas e abundantes que as dos religiosos”, diz Ali, modelo e proprietário de um café. Reza, estilista que tem uma respeitável barba, é outro jovem iraniano que apostou no estilo por questões exclusivamente estéticas: “Escolho usar barba porque combina com meu estilo de vida e com meu estilo de vestir, que é gótico. A barba cai bem”.

Outro neo-barbudo, Mohamad Ali, dono de uma loja de arte, reconhece o caráter “bipolar” da barba no Irã e também a rejeição que a maior parte da população sente por quem a usa. Para ele, trata-se de um “preconceito que as pessoas comuns têm com quem é mais alternativo”. Arash, outro artista barbudo e adepto de cordões, cujo uso é proibido para os homens no Irã, defendeu a liberdade de escolha para as pessoas se vestirem da forma como preferirem. “Não uso porque sou artista, mas por gosto. De qualquer maneira, me irrita muito que as pessoas debochem da barba ou me chamem de terrorista ou talibã, que é o que fazem por aqui. Usar barba é algo natural, mas como os religiosos também usam, incomoda algumas pessoas”, afirmou.

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Entre os religiosos, a difusão do uso da barba entre os jovens foi muito bem recebida. Efe Seyed Jalal Mohebi, um clérigo xiita e diretor do escritório encarregado de resolver dúvidas sobre a lei islâmica em Teerã, afirma que “estar na moda não significa necessariamente que algo seja ruim”. “Imagine que a moda seja ler livros, ajudar os órfãos, ou fazer caridade. Vejo de forma positiva que o uso da barba tenha virado moda entre os homens, uma vez que isso é recomendado pelo Corão. Não vejo mal nenhum”, acrescentou.

Recentemente, o Irã proibiu o uso de cortes de cabelo considerados não ortodoxos, depilação de sobrancelhas, tatuagens e bronzeamento artificial entre os homens. Cortes e penteados no estilo espetado, apreciados pelos adolescentes são considerados “ocidentais”, “não islâmicos”, e mesmo ligados ao “culto ao demônio”. Aqueles que descumprirem a lei serão punidos por violar as “regulamentações islâmicas”, informaram as autoridades locais.

(Da redação)

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