Assentamentos judaicos: o primeiro grande obstáculo ao acordo de paz, após a retomada das negociações
O que são e em que contexto surgiram essas colônias em territórios palestinos
Enquanto os palestinos ameaçam abandonar as negociações, caso Israel não prorrogue o congelamento na expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, enfrenta pressão no sentido oposto. O impasse pode paralisar as negociações de paz entre Netanyahu e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, retomadas no dia 2 de setembro e que contaram com mais uma rodada de discussões, nesta terça-feira.
Em dezembro de 2009, Netanyahu declarou uma moratória de dez meses para os assentamentos, que oficialmente expira no dia 26 de setembro. Os palestinos pressionam para que se mantenha o congelamento. Mas, em Israel, integrantes da coalizão política de Netanyahu ameaçam romper a aliança que garante governabilidade à atual administração se isso ocorrer.
Segundo o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, tem insistido para que Netanyahu prorrogue a moratória na construção dos assentamentos. Apesar de Mitchell afirmar que as negociações entre as duas partes estão se encaminhando “na direção correta”, o sucesso desse diálogo pode depender do futuro da colonização israelense.
Comunidades – Os assentamentos judaicos são comunidades civis estabelecidas nos territórios ocupados por Israel. Até julho de 2009, mais de 300.000 israelenses viviam nas 121 comunidades instaladas apenas na Cisjordânia. Os assentamentos praticamente se transformaram em cidades que, em alguns casos, abrigam mais de 30.000 pessoas.
História – A Guerra dos Seis Dias – conflito armado entre Israel e países árabes, como o Egito, a Jordânia e a Síria, em 1967 -, terminou com a vitória israelense e a conquista do Sinai, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia, das Colinas de Golã (na Síria) e da região oriental de Jerusalém.
A vitória israelense provocou um êxodo palestino: cerca de 50.000 fugiram para países vizinhos. Israel, por sua vez, iniciou a colonização dos espaços deixados, fixando milhares de judeus nos territórios ocupados. Os militares incentivaram, então, a colonização da Cisjordânia, acreditando que a povoação judaica reduziria as ameaças a Israel. A ONU determinou a devolução das áreas ocupadas, mas Israel exigiu que os países árabes reconhecessem sua existência e não aceitou retornar as terras.
Antigamente, os religiosos viam nos assentamentos um instrumento para assegurar o controle judaico sobre a “Judeia e Samaria”, realizando o sonho da Grande Israel. Atualmente, de acordo com a organização Paz Agora, de Israel, apenas um terço dos colonos estão no território palestino por “ideologia”. Os demais teriam escolhido viver nos assentamentos pelos incentivos fiscais e práticos oferecidos pelo governo.
Os palestinos, por sua vez, querem proclamar na Cisjordânia e na Faixa de Gaza um estado que tenha como base as fronteiras de 1967. Para isso, exigem uma retirada israelense de todos os territórios ocupados desde junho daquele ano.
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