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Assassino de Toulouse planejava novo ataque nesta quarta

Informação foi dada por Sarkozy antes de discurso nacionalista em cerimônia

Por Da Redação
21 mar 2012, 12h31

O suspeito do massacre na escola judaica de Toulouse, Mohammed Merah, planejava outro ataque contra militares franceses nesta quarta-feira, informaram os jornais franceses Le Figaro e Le Monde. Segundo Nicole Yardeni, delegada local do Conselho Representativo de Instituições Judaicas (Crif), a informação foi passada pelo próprio presidente da França, Nicolas Sarkozy, durante uma reunião com representantes religiosos em um prédio do Exército próximo à casa onde Merah permanece cercado (confira no mapa abaixo).

“Tinha um plano para matar na manhã desta quarta-feira”, confirmou Yardeni, pouco antes do discurso nacionalista do presidente. “O atirador queria fazer a República curvar-se a ele, mas a França não cedeu”, disse Sarkozy em um discurso durante uma cerimônia dedicada aos soldados mortos por Merah, classificando os ataques de “assassinatos terroristas”. Ele, repetiu, contudo, seu pedido para que a população não alimente qualquer sentimento de vingança. “A França passou nos últimos dias uma magnífica imagem de união. Nós devemos continuar unidos e não ceder à vontade de vingança. Nós devemos isso a todas as vítimas e ao nosso país. Viva a República, e viva a França”, discursou Sarkozy em uma cerimônia aos soldados mortos pelo terrorista.

O procurador-geral de Paris, François Molins, detalhou o plano de Merah para esta quarta-feira: “Planejava atentar novamente nesta manhã contra um militar assim que saísse de sua casa”. Mas o assassino “tinha outros alvos”, em particular assassinar dois policiais em Toulouse, aos quais já havia identificado, revelou Molins em entrevista coletiva. Ainda de acordo com ele, o assassino afirmou que agiu sozinho e prometeu se entregar no “final da tarde” desta quarta-feira (Toulouse tem um fuso horário de 4 horas a mais em relação a Brasília). Em suas conversas com os policiais, Merah “não manifesta arrependimento algum”, a não ser por “não ter feito mais vítimas”, acrescentou o promotor.

Antes de cercar o prédio onde mora o acusado, a polícia já temia que o terrorista – suspeito de sete assassinatos – preparasse um novo ataque, e corria contra o tempo para identificá-lo. “Estamos diante de um indivíduo extremamente determinado, com muito sangue frio e com alvos extremamente definidos”, afirmou o promotor-chefe de Paris, François Molins, que lembrou que a média de assassinatos era de um a cada quatro dias. Antes de matar três crianças e um adulto em uma escola judaica de Toulouse, o terrorista havia assassinado três soldados franceses.

Cerco policial à casa do assassino de Toulouse
Cerco policial à casa do assassino de Toulouse (VEJA)

Justiça – O ministro do Interior da França, Claude Guéant, ressaltou que a preocupação das autoridades é prender vivo o suspeito dos assassinatos em Toulouse e Montauban. “Nossa principal preocupação é detê-lo em condições que possamos apresentá-lo à Justiça”, enfatizou. Ele, que acompanha pessoalmente a operação, disse que a mãe do jovem “foi levada ao local para conversar com o filho, mas desistiu” de convencê-lo a se entregar. O irmão do jovem foi preso mais cedo pela polícia. “Todos sabem que nos locais dos crimes havia apenas um suspeito, mas seu irmão está preso” porque as investigações revelaram “provas sistemáticas”.

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Segundo Guéant, o homem cercado pela polícia “tem vínculos com salafistas e jihadistas e viajou ao Paquistão e ao Afeganistão”. “Ele afirma pertencer à Al-Qaeda e que quer vingar as crianças palestinas e castigar o Exército francês”. O irmão e a irmã do jovem participavam do mesmo movimento, mas são menos violentos e não viajaram à fronteira entre Paquistão e Afeganistão. “A polícia está certa de que ele é o autor do massacre: um jovem de 24 anos conhecido pelos serviços de informação franceses, que comprovaram seu envolvimento na série de assassinatos Toulouse”, destacou o ministro.

No início da operação desta quarta-feira, três policiais ficaram feridos sem gravidade, um no joelho, outro no ombro e um terceiro atingido por disparo contra o colete a prova de balas. O suspeito “faz parte deste pessoal que volta das zonas de combate e que sempre é fonte de preocupação para os serviços” de inteligência, revelou uma fonte ligada à investigação.

Histórico – Merah trabalhava como mecânico e havia tentado entrar na Legião Estrangeira da França em 2010. Conforme o site da revista Le Point, Merah, francês de origem argelina, foi expulso da corporação em seu primeiro dia e atualmente trabalhava como serralheiro em Toulouse, no sul da França.

O jovem entrou em contato com grupos islâmicos radicais com os quais também estava envolvido seu irmão, que foi preso nesta quarta-feira. Merah, que afirmou pertencer à Al Qaeda, fez duas viagens à fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, em 2010 e 2011, para se integrar a grupos combatentes de talibãs em uma região onde atua o Movimento dos Talibãs do Paquistão (TIP), informou o jornal Le Monde.

Antes disso, Merah havia sido preso no Afeganistão por fabricar bombas na província de Kandahar, mas fugiu da cadeia meses depois, durante um motim realizado pelo Talibã, afirmou à agência Reuters nesta quarta-feira o diretor da cadeia, Ghulam Faruq. Ele disse que o acusado foi detido pelas forças de segurança afegãs em 19 de dezembro de 2007 e condenado a três anos de prisão.

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Crimes – Segundo Guéant, Merah, de 23 anos, era conhecido pela polícia de Toulouse, pois já havia se envolvido em “uma dezena de atos de delinquência, alguns envolvendo violência”. Guéant o descreveu como “um pequeno delinquente que se radicalizou com um grupo salafista de Toulouse antes de viajar para o Afeganistão e Paquistão”. De acordo com o ministro, o grupo salafista, formando por cerca de 15 pessoas, é ideológico e “jamais se envolveu em atos criminais”.

Uma advogada que já defendeu Merah em 2004 e 2005, Marie-Christine Etelin, disse ao jornal francês Le Monde que o suspeito do massacre já foi condenado a um mês de prisão por dirigir sem licença. Merah foi condenado a um mês de prisão e deveria comparecer no início de abril perante um juiz de execução de penas que decidiria sobre a maneira de cumprir a punição.

Marie-Christine disse que não imaginava que seu cliente, um “jovem educado e cortês”, pudesse cometer atos de “uma dureza absoluta”. “Apesar de casos de delinquência, principalmente roubos, vi-o sempre como um indivíduo flexível em seu comportamento e não rígido até o ponto de pensar em um fanatismo”, afirmou. “Mas, há dois anos soube que havia se radicalizado subitamente e que havia ido ao Afeganistão”, acrescentou a advogada, que incentiva, “é claro”, seu cliente a se render.

(Com agência France-Presse)

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