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Irmandade Muçulmana desaparece do cenário político no Egito

A confraria e seus grupos afins convocaram boicote às eleições dos próximos dias 26 e 27, pois consideram que Mursi continua sendo o legítimo chefe de Estado

Por Da Redação
24 Maio 2014, 21h22

Após ter resultados arrasadores nas eleições parlamentares e presidenciais de 2011 e 2012, a Irmandade Muçulmana praticamente desapareceu do mapa político no Egito, varridos por uma nova clandestinidade após a derrocada do islamita Mohammed Mursi.

A confraria e seus grupos afins convocaram boicote às eleições dos próximos dias 26 e 27 para eleger um novo líder, pois consideram que Mursi continua sendo o legítimo chefe de Estado.

Os membros da Irmandade se negam a reconhecer um processo de transição que – insistem – começou com o golpe de Estado de 3 de julho de 2013 realizado pelo exército contra Mursi, o primeiro presidente eleito em democracia desde que se constituiu a república egípcia em 1952.

Um porta-voz do grupo que prefere manter anonimato afirma que as próximas eleições ‘não serão democráticas’, mas ‘a fachada de um golpe militar claro e brutal’. “Não há condições necessárias, o exército está participando da política, o governo apoia (o ex-ministro da Defesa Abdul Fatah) al Sisi, não há pluralidade informativa, islamitas moderados estão na prisão e outros opositores fugiram do país”, argumenta o porta-voz.

Referendo – Os islamitas já rejeitaram participar do referendo sobre a nova Constituição em janeiro e mantiveram os protestos nas ruas, embora de maneira cada vez mais branda. Não foi fácil, com as forças de segurança em seu rastro e muitos de seus líderes e membros na prisão acusados de terrorismo e de outros crimes.

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Esse cenário era inimaginável há dois anos, quando a Irmandade chegou ao poder em meio a uma grande expectativa pelo futuro de um país que um ano antes tinha vivido uma revolução contra o regime de Hosni Mubarak (1981-2011).

Na transição, liderada pela Junta Militar, o Partido Liberdade e Justiça (braço político da Irmandade) obteve quase a metade das cadeiras da câmara baixa do parlamento, onde contou com o apoio dos salafistas (ultraconservadores), a segunda força mais votada.

A confraria não se conformou com essa arrasadora vitória nas legislativas, mas decidiu se candidatar à presidência, que alcançou com a apertada vitória de Mursi no segundo turno frente ao opositor, o último primeiro-ministro de Mubarak, Ahmed Shafiq.

Hoje, com o poder da Irmandade Muçulmana neutralizado, não há rastro do debate sobre a influência do islã político que tanto marcou as eleições anteriores.

Se as eleições foram, no final, uma espécie de plebiscito sobre a volta ao regime anterior ou o domínio islamita, parece que as próximas ratificarão o papel preponderante dos militares no Egito.

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“Não haverá no Egito algo chamado Irmandade Muçulmana”, disse Al Sisi na primeira de suas poucas entrevistas à imprensa egípcia, acrescentando que esses ‘fizeram perder o equilíbrio nos últimos 40 anos à sociedade egípcia por sua maneira de entender a religião’.

Clandestinidade – A Irmandade, fundada em 1928 por Hassan al Banna e com uma extensa trama social, se acostumou a agir na clandestinidade por seis décadas após ser tornada clandestina em 1954 pelo então presidente Gamal Abdel Nasser.

A confraria – declarada em dezembro passado ‘grupo terrorista’ pelas autoridades interinas – está vivendo agora sua ‘pior’ repressão, segundo o porta-voz islamita, que lembra as centenas de seguidores mortos nos últimos meses.

“A Irmandade Muçulmana representa uma ideia e não se enfraquecerá. Estão tentando reviver o processo democrático de forma pacífica, mas Al Sisi não tolerará isso”, afirma o islamita. Mais uma demonstração de que a tradicional luta de poder entre militares e islamitas poderá seguir além das eleições.

(Com agência EFE)

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