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Após Cuba, EUA negociam reaproximação diplomática com a Venezuela

Fontes diplomáticas dizem que os países mantêm o mais extensivo diálogo em anos. Iniciativa teria partido de Nicolás Maduro, atolado em uma crise de popularidade

Por Da Redação
1 jul 2015, 19h51

Os Estados Unidos abriram negociações com o governo da Venezuela para definir uma reaproximação diplomática. Fontes ligadas às conversas dizem que este é o diálogo mais extensivo que as nações mantêm em anos, apesar de ainda estar em estágio inicial. A aproximação partiu do governo venezuelano três meses atrás, logo depois que o presidente americano, Barack Obama, e o ditador cubano, Raúl Castro, anunciaram as tratativas para normalizar as relações entre Washington e Havana. Em março, o presidente venezuelano Nicolás Maduro requisitou um ‘canal de comunicações direto’ com Obama e o Departamento de Estado americano. A intenção de Maduro seria evitar o isolamento completo da Venezuela, caso a relação bilateral entre Estados Unidos e Cuba volte à normalidade plena.

“Maduro percebeu que se podemos falar com os cubanos, também podemos falar com ele”, disse, em condição de anonimato, um alto funcionário da diplomacia americana familiarizado com as negociações. “Nós nos aproximamos com muito cuidado, porque já tínhamos visto isso antes, mas também havia a preocupação americana de que o nosso relacionamento estava chegando a um ponto perigoso e que podia ser rompido por completo”, acrescentou. Embora Maduro exercite a retórica populista de criticar Washington, a Venezuela é o principal fornecedor de petróleo para os Estados Unidos. O presidente bolivariano também se encontra em uma profunda crise de popularidade e tem demonstrado ser incapaz de superar os graves problemas econômicos do país, como o galopante índice de inflação e o desabastecimento de produtos de primeira necessidade.

O diálogo foi estabelecido em duas frentes: especificar as áreas de comum interesse e de discordância entre os governos. Investigado nos Estados Unidos por participação no tráfico internacional de drogas, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, está envolvido nas negociações. Considerado o segundo homem mais poderoso do país, ele se encontrou com diplomatas americanos no dia 14 de junho, no Haiti. Os representantes de Washington pressionaram Cabello para que ele marcasse uma data para as eleições parlamentares venezuelanas e liberasse os presos políticos do governo de Maduro, incluindo o chefe do partido opositor Vontade Popular, Leopoldo López. Os americanos salientaram que o diálogo seria interrompido se López viesse a morrer na prisão. À época, o opositor estava em uma avançada greve de fome contra o autoritarismo de Maduro.

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Cabello não teria se comprometido em fixar uma data para as eleições no encontro. Uma semana depois, contudo, a Venezuela estabeleceu que o pleito ocorrerá no dia 6 de dezembro. López encerrou a greve de fome logo em seguida, mas continua preso em uma penitenciária militar. O governo bolivariano acusa o opositor de incitar tumultos violentos que culminaram na morte de 43 pessoas durante os protestos populares do ano passado. “Nós estávamos focados em manter López vivo e isso nos levou a dizer aos venezuelanos que sua morte encerraria os esforços de reaproximação”, disse o diplomata americano. Segundo a fonte, abrir conversas com Cabello foi importante porque o presidente da Assembleia Nacional poderá se tornar um rival de Maduro na busca pelo poder. Os políticos negam que exista qualquer disputa entre eles.

Os Estados Unidos creem que a primeira etapa do diálogo foi frutífera após Cabello ter se reunido e assegurado ao diplomata Thomas Shannon que a Venezuela forneceria fundos para a segurança e logística das próximas eleições do Haiti, agendadas para agosto. Este era um dos interesses em comum entre as nações. Outro objetivo dos americanos é ampliar a cooperação da Venezuela nas negociações mantidas entre o governo da Colômbia e o grupo terrorista Farc. Além disso, Washington pressionará Maduro a aceitar a presença de mais organizações internacionais como observadoras das eleições parlamentares. Caracas concordou com a presença de representantes da Unasul, mas ainda não se manifestou favorável à atuação de membros da OEA e da União Europeia no pleito.

Prova de que o diálogo tem surtido os primeiros efeitos é a aparente diminuição no tom dos discursos feitos pelas partes. Nesta semana, o senador republicano Bob Corker, presidente do Comitê de Relações Externas do Senado americano, viajou para a Venezuela para se encontrar com opositores e figuras de destaque do governo. O pico de tensão entre as nações foi registrado no início de março, após Obama ter classificado a Venezuela como uma “ameaça à segurança nacional” para aplicar sanções diplomáticas e econômicas contra funcionários do governo bolivariano.

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(Com agência Reuters)

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