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Após eleições, Tea Party deve manter sua influência

Para especialistas, movimento terá voz nacional enfraquecida neste 2º mandato de Obama, mas ainda manterá peso sobre questões regionais e dilemas fiscais

Por Cecília Araújo
12 nov 2012, 06h55

O Tea Party, que despontou como protagonista político nos EUA nos últimos anos, teve um mau desempenho nas eleições americanas deste mês. O integrante do movimento Ted Cruz até conseguiu uma importante cadeira no Senado, pelo Texas. Mas a derrota de outros dois candidatos – Todd Akin, no Missouri, e Richard Mourdock, em Indiana – impediu que o Partido Republicano finalmente tomasse o controle da Casa no Congresso. Especialistas acreditam que um político mais moderado, em seu lugar, teria vencido facilmente os democratas. Na Câmara, pelo menos dez dos membros do Tea Party eleitos nas eleições parlamentares de 2010 foram varridos, incluindo “estrelas” do movimento, como Joe Walsh (Illinois) e Allen West (Flórida). Mesmo a republicana Michele Bachmann esteve perto de perder seu assento.

O movimento Tea Party

O nome Tea Party significa “partido do chá”, inspirado num protesto feito por colonos em Boston, em 1773, contra a taxação do chá pela Coroa inglesa. Desde o início do movimento, em 2009, o Tea Party é estigmatizado como um bando de americanos malucos, radicais e racistas – imagem reforçada por muitos de seus protestos excêntricos. Porém, esse é apenas o verniz desse grupo, que defende propostas que poderiam ajudar a tirar os Estados Unidos da beira do penhasco, não fosse a intransigência dos políticos alçados ao poder por meio dele. Assim, membros do movimento acabam pagando o preço por não terem se organizado e se tornado mais coesos.

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O Comitê de Campanha Parlamentar Democrata não perdeu tempo, e logo comemorou: “É o fim do Tea Party”. Enquanto isso, apoiadores do partido garantiam que ele nunca esteve tão “vivo e próspero”. Mas os analistas ouvidos pelo site de VEJA têm opiniões mais ponderadas sobre o assunto. Segundo eles, o movimento ainda deve ter alguns bons anos pela frente, já que mantém sua influência dentro do Partido Republicano e membros na Câmara dos Representantes. Porém, se não for reformado nos próximos anos, seus dias podem estar contados, especialmente porque os idosos e brancos, principais apoiadores do Tea Party, estão perdendo força eleitoral e dando lugar para minorias, como os hispânicos – que tradicionalmente votam nos democratas.

“Os democratas tomaram as cadeiras do Senado no Missouri e em Indiana em grande parte por causa do extremismo dos candidatos republicanos. Houve exemplos semelhantes na eleição de 2010”, lembra Carol Weissert, professora de Ciências Políticas na Universidade do Estado da Flórida, se referindo às derrotas de Sharron Angle (Nevada) e Christine O’Donnell (Delaware). “Mas não acho que o Tea Party esteja morto, considerando suas vitórias na Câmara e no Texas. Sua influência nas negociações do Congresso, especialmente sobre as difíceis questões fiscais, deve continuar sendo forte”, acrescenta Carol. Vale lembrar que os republicanos já deram sinais de que vão manter seus esforços para impedir a elevação de impostos, inclusive para os ricos, e limitar os gastos públicos.

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John Hudak, pesquisador do Brookings Institute, concorda que as vitórias dos democratas nestas eleições não vão acabar com o Tea Party. “O controle republicano da Câmara garante, pelo menos, que eles estarão na mesa de negociações quando decisões forem tomadas”. Mas o especialista pondera que, se a liderança da casa começar a trabalhar mais compromissada com o presidente e os democratas, o Tea Party deve ficar à margem. “A nova estratégia política dos republicanos, de ganhar o apoio entre os grupos minoritários, se afasta dos interesses do Tea Party. Ironicamente, pode ser que o próprio presidente da Câmara, o republicano John Boehner, seja a força que vai ‘matar’ o Tea Party no futuro, e não os democratas ou suas vitórias eleitorais”, completa.

Para Hudak, as palavras de ordem radicais do Tea Party contra o Obamacare e a regulação dos cortes de gastos provavelmente vão ter menos atenção no segundo mandato de Obama. “Enquanto isso, os americanos devem se ajustar aos benefícios da reforma de saúde, e o país deve ser recuperar da crise sem as prescrições apocalípticas oferecidas pelos radicais”, aposta. “Neste segundo mandato de Obama, o Tea Party será menos importante como voz nacional, mas deve manter sua força regional enquanto os republicanos conservadores estiverem dispostos a apoiar seus integrantes nas primárias do partido e indicar seus candidatos à Câmara e ao Senado”, pontua Cary Covington, professor do departamento de Ciências Políticas da Universidade de Iowa.

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