Venezuela: ex-deputada é acusada de incentivar violência
Com mandato cassado, opositora María Corina Machado não pode deixar o país
A ex-deputada opositora María Corina Machado afirmou nesta segunda-feira que foi acusada pelo Ministério Público da Venezuela de instigação à violência durante os protestos que estouraram no país em fevereiro.A acusação foi divulgada depois que a política compareceu ao Palácio da Justiça, em Caracas, para conhecer as razões de ter sido proibida pela Justiça de deixar o país, medida imposta no final de junho.
O Judiciário, controlado pelo Executivo chavista, já usou o mesmo tipo de acusação para intimidar e prender o opositor Leopoldo López, outra figura destacada entre os adversário so chavismo. A imputação desse tipo de crime para silenciar a oposição já provocou protestos de organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional.
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Logo depois de divulgar o caso em sua conta no Twitter, María Corina acusou o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, de estar por trás do seu indiciamento e da proibição de viajar. Foi justamente Cabello que divulgou publicamente no final de junho que a ex-deputada não poderia deixar o país por causa de investigações relacionadas ao protesto de 12 de fevereiro, o primeiro da onda que sacudiu a Venezuela pelos meses seguintes.
Nesta segunda-feira, Corina voltou a apontar que a divulgação do inquérito por parte de Cabello foi “ilegal e inconstitucional”, já que esse tipo de investigação é sigilosa. Sua defesa disse ainda que o presidente da Casa soube da decisão antes mesmo da notificação dos interessados. A ex-deputada também disse que não existe nenhum risco de ela fugir do país.
Um dos homens fortes do chavismo, Cabello já havia articulado a cassação da deputada, em abril, após María Corina ter tentado proferir um discurso na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) em que denunciaria as violações de direitos humanos na Venezuela. Os chavistas também já acusaram a ex-deputada de participação em um plano mirabolante para assassinar o presidente do país, Nicolás Maduro.