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Um esboço do futuro estado palestino surge na Cisjordânia

Mas analistas permanecem céticos sobre um acordo imediato com Israel

Por The New York Times
31 ago 2010, 17h13

Em meio aos preparativos para a reunião de cúpula palestina-israelense em Washington, na quinta-feira, os duros contornos de um estado palestino estão surgindo na Cisjordânia, com forças de segurança cada vez mais confiáveis, um governo mais disciplinado e um sentimento crescente entre as pessoas comuns de que podem contar com serviços básicos.

Cheques pessoais, por muito tempo temidos e dados como irrecuperáveis, hoje são amplamente aceitos. Multas de trânsito são emitidas e pagas, salas de cinema são inauguradas, e parques púbicos embalam as famílias até tarde da noite no verão. O crescimento econômico no primeiro trimestre deste ano foi de 11%, segundo o Fundo Monetário Internacional. “Nunca vi Nablus tão viva”, disse na noite de domingo Caesar Darwazeh, dono de um estúdio fotográfico.

Naturalmente, a Cisjordânia permanece ocupada por Israel. Está repleta de assentamentos judaicos, cerca de 10.000 soldados israelenses e numerosos bloqueios e postos de controle tornam a vida real quase impossível para 2,5 milhões de palestinos.

Discordâncias – A questão central que enfrentam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de Israel, e o presidente Mahmoud Abbas, da Autoridade Palestina, reside nas circunstâncias em que Israel pode transferir seu controle sobre a maior parte deste território para o aparato emergente do estado palestino.

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A maioria dos analistas permanece cética sobre um acordo imediato, tendo em conta uma história de promessas não cumpridas – e interesses instalados em ambos os lados.

Há poucos sinais de avanço. Abbas e seus assessores insistem que os refugiados palestinos têm o direito de regressar às suas casas onde hoje é Israel, o que para muitos israelenses é apenas um outro modo de acabar com a existência de um estado judeu.

As autoridades palestinas dizem que o interesse central no início das negociações é estender o atual congelamento dos assentamentos judeus. Netanyahu e seus assessores rejeitaram a proposta até agora, mas um alto assessor do primeiro-ministro israelense afirmou que se Abbas aceitar – mesmo que de forma privada – um fim ao conflito com Israel e a identidade judaica, “toda a sabedoria convencional pode mudar muito rapidamente”.

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E essas conversas, as primeiras negociações diretas em quase dois anos, com 17 anos de esforços diplomáticos por trás delas, têm uma vantagem sobre as rodadas anteriores: o governo da Cisjordânia, que, para muitos israelenses e palestinos, começou a se parecer com um estado em funcionamento.

Segurança – Um comandante do Exército israelense, falando sob anonimato, disse que a coordenação de segurança com as forças palestinas está melhor do que jamais esteve. Ao contrário da situação de 2000, disse ele, quando as negociações de paz patrocinadas pelos Estados Unidos falharam e a Cisjordânia explodiu em violência, a região hoje é estável, tanto por seu crescimento econômico como pela situação de segurança. “É provável que tenhamos um ano de estabilidade se isso acontecer”, disse. Assim como elogiou seus colegas palestinos, no entanto, insistiu que a estabilidade, por ora, precisa da presença militar israelense.

As tropas israelenses deixam a segurança nas cidades com os palestinos durante o dia. Mas o comandante afirmou que realiza quatro ou cinco operações por noite e que, sem essas ações, a situação pode se deteriorar: grupos armados do Hamas e outros podem atacar os israelenses. Ele disse que Israel poderia remover postos de controle e a economia palestina continuar a crescer, “mas quem pensa que isso será suficiente para manter a região estável a longo prazo está errado”.

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O chefe da segurança palestina, Diab el-Ali, rejeitou as medidas israelenses, em entrevista recente, dizendo que as patrulhas causam embaraço e que ele gostaria que elas fossem interrompidas. Ele garantiu que os palestinos podem oferecer segurança total. O maior desafio da Autoridade Palestina é o Hamas, o grupo islâmico que rejeita a existência de Israel e controla Gaza, onde vivem 1,5 milhão de palestinos. O Hamas e o partido secular Fatah, de Abbas, são rivais, e a perspectiva de reconciliação é pequena. Mas, conforme a expectativa americana, se as conversações com Abbas forem bem-sucedidas, ele ganhará força política e seu partido poderá voltar ao poder na Faixa de Gaza.

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