Termina julgamento de estopim do escândalo Bo Xilai
Ex-chefe de polícia Wang Lijun, que denunciou ex-dirigente, espera veredicto
O julgamento de Wang Lijun, o antigo chefe de polícia que trabalhava com o ex-dirigente chinês Bo Xilai, foi encerrado nesta terça-feira com uma audiência pública em um tribunal de Chengdu, no sudeste da China, após a sessão fechada ocorrida na véspera. “O julgamento terminou, mas ainda não se sabe a sentença e nem quando ela será divulgada publicamente”, afirmou a advogada de defesa Wang Yuncai.
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Nesta segunda, Wang Lijun foi julgado por deserção e manipulação em uma sessão a portas fechadas, pois nela seriam abordados segredos de estado, informou a advogada. Desta vez, a audiência foi pública e abordou as acusações de aceitação de suborno e abuso de poder, delitos que se forem considerados corrupção em grande escala podem ser punidos com a morte na China. A promotoria já declarou que “os fatos relacionados com os delitos estão claros e as provas são concretas e abundantes”.
Ex-chefe de polícia de Chongqing quando Bo Xilai era secretário-geral do Partido Comunista chinês na cidade, Wang Lijun foi o estopim do maior escândalo político do país nos últimos anos quando se refugiou no consulado dos EUA em Chengdu, em 6 de fevereiro deste ano.
Três dias depois, ele deixou a legação diplomática americana “por vontade própria”, segundo a imprensa estatal chinesa. No mesmo dia, foi publicada uma carta atribuída a Wang na qual ele denunciava Bo Xilai por corrupção e ligação com o crime – na época, Bo era um dos políticos com maior projeção na China e, desde então, caiu em desgraça política.
Homicídio – Foi Wang Lijun que também sugeriu que a morte do empresário britânico Neil Heywood, em novembro de 2011, em Chongqing, não tinha sido um acidente. Após as denúncias, Bo Xilai foi destituído de seu cargo e, quase de forma simultânea, sua esposa, Gu Kailai, foi acusada pelo homicídio de Heywood – mês passado, ela foi condenada à pena de morte pelo assassinato, mas teve a pena suspensa por um período de dois anos, punição que na China costuma resultar na prisão perpétua.
Muitos analistas preveem que Wang, declarado traidor pela cúpula do Partido Comunista, também será condenado à prisão perpétua, mas ainda não se sabe a dimensão dos crimes de que ele é acusado. Apenas sabe-se que, entre as acusações, estão deserção, abuso de poder e recebimento de suborno. Antes do escândalo, Bo e Wang eram prestigiados por políticos e pelos meios de comunicação chineses justamente por sua luta contra a corrupção.
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(Com agência EFE)