Talibã do Paquistão apresenta condições para cessar-fogo
Proposta é classificada como 'absurda' pelo governo paquistanês
O grupo terrorista Talibã apresentou condições para um cessar-fogo, incluindo a adoção da lei islâmica no Paquistão e a ruptura do país com os Estados Unidos, disse um porta-voz do grupo nesta quinta-feira. Um alto funcionário do governo paquistanês classificou a proposta de “absurda”.
Em uma carta enviada ao diário The News, do Paquistão, o Talibã também exigiu que o país encerre seu envolvimento na guerra que opõe os insurgentes afegãos ao governo do Afeganistão e se concentre numa guerra de “vingança” contra a Índia. A carta do porta-voz do Talibã, Amir Muawiya, surge num momento que a Otan muda o foco no Afeganistão, da ênfase militar para uma potencial negociação de paz, e também em meio a especulações de uma cisão entre os principais líderes do Talibã paquistanês.
Oficiais militares disseram à Reuters no mês passado que o líder do Talibã paquistanês, Hakimullah Mehsud, havia perdido o comando operacional para seu vice, Wali ur-Rehman, que é considerado mais aberto à reconciliação com o governo paquistanês. O Talibã nega que Mehsud tenha deixado o comando.
O Talibã paquistanês é um movimento separado do Talibã. Conhecido pelo nome Tehreek-e-Taliban (TTP), o grupo lançou ataques devastadores contra militares e civis no Paquistão.
“Eles são um bando de criminosos. Este não é o Talibã afegão. Eles não estão abertos a negociações”, disse um alto funcionário do governo, que qualificou a oferta do Talibã paquistanês de “ilógica”. “Ninguém pode levar essa oferta ou seus termos a sério. O TTP não é uma entidade adequada, certamente não uma entidade com a qual algum governo possa negociar.”
As condições do cessar-fogo, confirmadas pelo porta-voz Ihsanullah Ihsan em um telefonema à Reuters, especificam que o Paquistão tem de reescrever suas leis e Constituição nos moldes da lei islâmica. “Estamos prontos para um cessar-fogo com o Paquistão desde que atenda às nossas exigências, que um sistema islâmico seja posto em prática. Eles devem corrigir sua política externa e parar de concordar com as exigências americanas”, disse Ihsan.
Os militantes acusam o Exército do Paquistão de atuar como “mercenários para a América” e prometem continuar os ataques aos dois principais partidos políticos do Paquistão, que eles acusam de servir os interesses dos EUA.
(Com agência Reuters)