Síria: oposição rejeita proposta para negociar com Assad
Conselho Nacional Sírio disse que só fala sobre governo provisório sem ditador
O Conselho Nacional Sírio (CNS), organização que reúne os movimentos de oposição ao regime do ditador Bashar Assad, descartou nesta segunda-feira o convite feito pela Rússia para negociar em Moscou um acordo com o governo sírio, afirmou o dirigente opositor Ahmed Ramadã. Segundo ele, o pedido russo ainda não havia sido formalmente feito ao CNS, mas qualquer proposta de diálogo com Assad seria rejeitada.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança do ditador, que já mataram mais de 5.000 pessoas no país, de acordo com a ONU, que vai investigar denúncias de crimes contra a humanidade no país.
- • Tentando escapar dos confrontos, milhares de sírios cruzaram a fronteira e foram buscar refúgio na vizinha Turquia.
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“Só aceitamos negociar sobre um governo provisório sem a presença de Assad e de qualquer outra pessoa manchada de sangue”, afirmou Ramadã, que qualificou a proposta russa como “uma tentativa de manipulação do projeto que está se preparando no Conselho de Segurança da ONU”.
O líder da oposição se pronunciou após a agência russa Interfax divulgar que o Conselho Nacional Sírio recebeu o convite e estava estudando a proposta, apesar de condenar o apoio de Moscou ao governo sírio. “O regime precisa deixar o poder e a Síria precisa começar um novo período sem assassinos”, afirmou Ramadã.
Impasse – Desde outubro do ano passado, um impasse se instalou em torno da questão devido aos vetos da Rússia e da China, que bloquearam um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU contra o governo de Damasco. O Ministério das Relações Exteriores russo informou nesta segunda-feira que o regime de Assad aceitou o convite para negociar com a oposição um acordo para pôr fim à crise sem a interferência da comunidade internacional.
A nova proposta é uma tentativa da Rússia de se antecipar à reunião, prevista para esta terça-feira, entre uma delegação da Liga Árabe e o Conselho de Segurança da ONU, na qual o bloco árabe vai buscar apoio das Nações Unidas para uma resolução que condene o governo sírio e retire Assad do poder.
A proposta árabe estipula, entre outros pontos, que Assad transfira a Presiência ao vice-presidente e forme um governo de coalizão nacional antes da elaboração de uma nova Constituição e a convocação de eleições, o que já foi rejeitado pelo regime sírio. Na semana passada, a Rússia declarou que fará o mesmo com a iniciativa da Liga Árabe.
(Com agência EFE)