Senado revoga permissão dada a Putin para enviar tropas à Ucrânia
De acordo com analistas, as sanções financeiras e diplomáticas impostas por Estados Unidos e UE podem ter influenciado a decisão do governo russo
Por Da Redação
25 jun 2014, 08h46
O Conselho da Federação russa (o Senado do país) revogou nesta quarta-feira a permissão para enviar tropas à Ucrânia que outorgou ao presidente russo, Vladimir Putin, em 1º de março. A decisão da Câmara Alta foi adotada a pedido do próprio chefe do Kremlin por 153 votos a favor e um contra. Segundo avaliam analistas, as sanções contra pessoas físicas e jurídicas russas podem ter influenciado na decisão do governo. Com as sanções, dezenas de políticos e empresas russas tiveram ativos no exterior bloqueados e foram impedidos de negociar com os Estados Unidos e com países da União Europeia (UE).
“Um voto contra? Não é um erro?”, perguntou a presidente do Senado, Valentina Matvienko, após conhecer o resultado da votação, deixando explícita a pressão do Kremlin para revogar a prerrogativa. Segundo a presidência russa, Putin pediu ontem a revogação da autorização a fim de favorecer “a normalização da situação nas regiões orientais da Ucrânia” e também em vista do início das negociações entre as partes em conflito.
Ao apresentar o projeto de resolução, o presidente do Comitê de Defesa e Segurança do Senado, Viktor Ozerov, destacou que a Rússia se reserva ao direito de supervisionar a situação na Ucrânia. “Consideramos que a Constituição e as leis federais concedem ao presidente da Rússia funções suficientes para influenciar na situação na Ucrânia”, acrescentou. Ozerov ressaltou que se Putin necessitar para isso “medidas de caráter militar”, o Comitê de Defesa e Segurança do Senado estará pronto para estudá-las. “Espero que não seja necessário”, acrescentou. Segundo a Constituição da Rússia, o chefe do Estado necessita da autorização do Senado para o emprego das Forças Armadas fora das fronteiras do país. (Continue lendo o texto)
Trégua quebrada – Um dos líderes das milícias pró-russas que atuam no leste e sudeste da Ucrânia, Miroslav Rudenko, afirmou que “não houve nenhuma trégua”, em declarações divulgadas nesta quarta pela agência russa Interfax. “Foram meras declarações: de fato, os combates não cessaram, nem durante uma hora”, disse Rudenko. O líder separatista também denunciou que durante toda a manhã de ontem, no dia seguinte da trégua ser declarada, as forças ucranianas castigaram com fogo de artilharia as cidades de Semionovka e Slaviansk, no norte da região de Donetsk.
A Presidência ucraniana comunicou ontem à noite que o chefe do Estado “não exclui a possibilidade de anular o cessar-fogo devido a seu permanente descumprimento” pelas milícias separatistas, que segundo Kiev, são “controladas do exterior”, em alusão à influência da Rússia. A nota oficial destacou também que nesta terça os separatistas conseguiram derrubar mais um helicóptero das Forças Armadas da Ucrânia, num ataque que causou a morte de nove militares.
A trégua foi estipulada na cidade de Donetsk, capital da região homônima, nas primeiras conversas entre representantes do governo de Kiev e os líderes da sublevação pró-russa desde que explodiram os enfrentamentos armados, que deixaram centenas de mortos. Anteriormente, na sexta-feira, o presidente ucraniano tinha decretado um cessar-fogo unilateral como uma primeira etapa de um plano de paz, que inclui, entre outras medidas, uma anistia, o desarmamento das milícias e a criação de corredores seguros para que os combatentes estrangeiros possam abandonar o país.
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