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‘Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro’, diz Dilma

Para ela, os direitos humanos não podem ser usados como arma ideológica

Por Da Redação
31 jan 2012, 14h48

Dilma Rousseff chegou a Cuba disposta mesmo a desviar de qualquer tema delicado para o regime dos irmãos Castro. Quando questionada sobre direitos humanos pelos jornalistas que a cercaram antes do encontro privado com Raúl, a presidente brasileira optou por generalizar: “Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro”, disse, acrescentando que não é possível fazer da política de direitos humanos apenas uma arma de combate político ideológico. “O mundo precisa se convencer de que é algo que todos os países do mundo têm de se responsabilizar, inclusive o nosso”, prosseguiu. Dilma falou ainda que aceita discutir o tema, desde que ele seja colocado sob uma perspectiva multilateral. “De fato, é algo que temos de melhorar no mundo de uma maneira geral. Não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro. Ela serve para nós também”, afirmou.

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Com relação ao visto de turista concedido pelo governo brasileiro à blogueira dissidente Yoani Sánchez, Dilma declarou apenas que os próximos passos não são da competência do governo brasileiro. Yoani recebeu autorização para entrar no país mas seu principal problema é obter permissão para deixar Cuba. Ela chegou a pedir que a presidente brasileira interceda por ela junto a Raúl Castro, e solicitou ainda uma audiência com ela. Mas, dentro da posição assumida por Dilma de evitar qualquer confronto com o governo cubano, ambos os pedidos lhe foram negados. Pelo menos a presidente não tentou desmentir a realidade dos inúmeros presos políticos que seguem sendo torturados e presos no país, ao contrário do que fez seu ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, que no final de semana disse que os direitos humanos “não são uma situação emergencial” em Cuba.

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Na mesma coletiva de imprensa Dilma confirmou o encontro com o ex-ditador Fidel Castro. “Sim, com muito orgulho, eu vou (ver Fidel)”, disse a presidente. Por razões de segurança, a comitiva brasileira só deve ser informada sobre local e horário momentos antes da reunião.

Embargo – A única fala mais firme da chefe de estado nesta terça-feira voltou-se contra os Estados Unidos, ao condenar o embargo econômico a Cuba. Para ela, esse processo não leva a nada, a não ser a mais pobreza à população cubana. Segundo a presidente, a grande contribuição que o Brasil pode dar nesse caso é ajudar Cuba a se desenvolver. E, para isso, está investindo em alimentos, máquinas e equipamentos naquele país. Citou como exemplo um crédito rotativo de 400 milhões de dólares para a compra de alimentos no Brasil, financiamento para aquisição de máquinas agrícolas para estimular a produção e investimentos na construção do Porto de Mariel “um sistema logístico de exportação de bens produzidos em Cuba”.

Dilma acrescentou que é fundamental que se crie condições de sustentabilidade para o desenvolvimento do povo cubano. “Ganha o Brasil, por fazer uma cooperação com um país, um povo e toda uma estrutura institucional que é visivelmente competente, capaz, na área de biotecnologia, na área de ciências médicas e uma grande competência a todas as questões ligadas a biotecnologia. Ganha Cuba, também, porque é uma parceria em que o Brasil entra com seus conhecimentos, suas empresas privadas”, observou.

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Dilma Rousseff e Raúl Castro fizeram revista das tropas na cerimônia oficial de chegada a Cuba
Dilma Rousseff e Raúl Castro fizeram revista das tropas na cerimônia oficial de chegada a Cuba (VEJA)

A viagem – A presidente brasileira faz sua primeira visita a Cuba em um momento histórico para o país, que está começando a se apresentar diferente daquele que recebeu o governo antecessor. Hoje, a população já pode planejar a compra de uma casa própria, pela primeira vez em 50 anos. Só agora também é permitido adquirir automóveis novos, não tendo mais de ficar preso aos modelos de antes da revolução de 1959. E esses são apenas dois dos principais tópicos contemplados no pacote de reforma econômica aprovado por Raúl Castro no fim de 2010. Todas as mudanças anunciadas até aqui – que ainda não entraram efetivamente em vigor – fazem parte de uma pressão ao país que precisa se abrir economicamente se não quiser falir de vez. Mas tudo deve ser observado com cautela, já que ainda falta detalhar muitas das propostas, como a que limita a 10 anos os principais cargos políticos do país – sem esclarecer se atinge ou não o atual governo.

(Com Agência Estado)

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