Paris, 1 mar (EFE).- O presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), Burhan Ghalioun, anunciou nesta quinta-feira em Paris a criação de um comitê militar de defesa para organizar a resistência diante da situação ‘dramática’ que atravessa o país.
Ghalioun, que preside o maior grupo da oposição ao regime de Bashar al Assad, fez o anúncio durante entrevista coletiva.
Composto por oficiais e civis, o comitê deverá ‘acompanhar as questões de competência militar, organizar as categorias, estudar as necessidades e gerir os recursos e operações’.
O objetivo deste novo organismo que previsivelmente terá sede em território turco, ‘o próximo possível da fronteira’, será controlar a entrada de armas no país e definir as missões de defesa da resistência.
Ghalioun descartou a entrada de soldados estrangeiros no país e afirmou que o CNS velará por manter a soberania da Síria, ao mesmo tempo em que mostrou sua preocupação pela chegada de ‘extremistas’ de diferentes grupos, outra tarefa que pretende assumir o novo organismo.
‘Houve países que demonstraram a intenção de proporcionar armas ao Exército Nacional Livre. Não queremos que isto seja feito sem uma certa organização’, garantiu Ghalioun, quem acrescentou que ‘não é uma missão ofensiva mas defensiva’.
Ele afirmou que por enquanto se desconhece que países entregarão armas à resistência síria, mas lembrou que alguns deles mostraram seu desejo de fazê-lo, uma militarização que pretende canalizar através deste novo organismo anunciado nesta quinta-feira.
Disse que não entraram armas na Síria, à parte de uma pequena parte procedente do Líbano, e assinalou que o Exército Livre é abastecido pelo armamento dos próprios desertores e o comprado dentro do país.
O presidente do CNS indicou que o objetivo do novo comitê é ‘proteger a revolução pacifica e popular’ na Síria e não ‘favorecer uma guerra civil no país’.
Ghalioun considerou que a situação na localidade de Homs, bastião da resistência, ‘não é desesperadora’, mas reconheceu que por motivos estratégicos o Exército Livre recuou para algumas zonas.
‘Demos as pessoas que está no terreno liberdade total para decidir quando e como devem retirar-se, para proteger o movimento’, assinalou.
Após um mês de bombardeios sobre o bairro de Bab Amr e dois dias de ofensiva intensificada por parte do Exército do regime de Damasco, ‘a resistência se mantém e se manterá até a queda’ de Assad, declarou.
‘Não acabaram com a resistência, que é sólida, não temos medo. É o regime o que têm problemas para conquistar terreno (…). Vamos continuar com a resistência até a queda do regime, não há outra via possível’, acrescentou.
Com relação à situação da jornalista francesa Edith Bouvier, ferida em bombardeio em 22 de fevereiro, Ghalioun indicou que ontem estava ‘em local seguro’, mas perante a evolução rápida da situação em Homs não soube informar se nesta quinta-feira estava em segurança.
O presidente do CNS contou que a jornalista não aceitou a oferta do regime sírio de sair do país em um comboio da Cruz Vermelha, e que por enquanto o diálogo entre as autoridades francesas e Damasco não deu resultados com relação à sua saída.
Ghalioun indicou que manterá contatos em breve com o enviado especial da ONU e com a Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, e que visitará Iraque, país que apoia ‘a rebelião do povo sírio em favor da mudança’. EFE