Premiê do Iraque desafia pressões e diz que vai lutar por novo mandato
Maliki afirma que ‘defenderá interesses’ do país contra terroristas do EIIL
O primeiro-ministro iraquiano Nouri al Maliki disse nesta sexta-feira que não vai desistir de tentar um terceiro mandato, apesar das pressões que vem sofrendo dentro do país e internacionalmente, diante do avanço de jihadistas no país.
“Eu nunca vou desistir de minha candidatura ao posto de primeiro-ministro. Vou continuar sendo um soldado, defendendo os interesses do Iraque e de seu povo contra os terroristas e seus aliados”, disse, segundo comunicado divulgado na televisão estatal, acrescentando que vai continuar a lutar “até a derrota final dos inimigos do Iraque”.
Leia também:
Jihadistas tentam mudar sua imagem com revista em inglês
Conflito no Iraque já deixou 1,2 milhão de refugiados no país, aponta ONU
A aliança de partidos xiitas da qual Maliki faz parte venceu as eleições parlamentares realizadas em abril. O bloco Estado de Direito conseguiu 92 assentos de um total de 328 na Câmara dos Deputados. Sem conseguir a maioria, ele precisa de alianças para formar um governo. Mas a tarefa não será fácil, diante dos pedidos de formação de um governo de unidade nacional e a imensa pressão de adversários políticos sunitas e curdos para que ele deixe o poder – apelo que vem também de alguns setores xiitas.
“A coalizão Estado de Direito é o maior bloco e tem o direito à posição de primeiro-ministro e nenhum outro lado tem o direito de impor condições”, afirmou o premiê, no comunicado.
Reeleito em 2010, Maliki até ensaiou um governo de coalizão, convocando ministros curdos e sunitas para o seu gabinete. Mas em 2012, ele afastou os políticos sunitas, e no início de 2014, entrou em atrito também com os curdos. O premiê, rejeitando os apelos por um novo governo, defendeu a reconciliação das forças políticas.
O descontentamento com o comando do primeiro-ministro ficou evidente com a demonstração de força do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), grupo terrorista dissidente da Al Qaeda, que passou a controlar várias cidades do país e declarou a criação de um califado entre o Iraque e a vizinha Síria.
Os membros do Parlamento reuniram-se nesta semana, mas não conseguiram chegar a um consenso sobre quem vai presidir a Câmara, antes de nomear um chefe de Estado e discutir a formação do novo governo e a possibilidade de um terceiro mandato para Maliki. A próxima reunião está marcada para terça. (Continue lendo o texto)
Curdos – Autoridades do Curdistão afirmaram na quinta que a região não vai participar de um eventual novo governo iraquiano a não ser que Bagdá garanta mais autonomia e não insista em reverter a ocupação de Kirkuk, cidade no norte do Iraque que conta com reservas substanciais de petróleo.
“Vamos dar mais uma vez uma chance ao processo político em Bagdá, mas não vamos pensar que este é o único caminho”, disse Fuad Hussein, chefe de gabinete de Massoud Barzani, presidente da região autônoma, em declaração reproduzida pelo New York Times. Barzani pediu ontem ao Parlamento curdo que organize um referendo de independência da região.
(Com agência Reuters)