Polícia do Paquistão prende o ex-presidente Musharraf
Governante do país por nove anos, político foi colocado em prisão domiciliar
O ex-presidente do Paquistão Pervez Musharraf foi preso nesta sexta-feira por policiais do país, um dia depois de ter fugido escoltado por guarda-costas durante a audiência do tribunal que ordenou sua detenção. Governante do Paquistão desde um golpe de estado em 1999 até sua renúncia em 2008, Musharraf retornou do exílio em maio para participar das eleições legislativas, mas sua candidatura foi rejeitada pela comissão eleitoral.
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O ex-presidente foi preso durante a madrugada em sua mansão, nos arredores de Islamabad, e levado, sob um forte esquema de segurança para um tribunal na capital paquistanesa. Lá, a Justiça do país decidiu colocar Musharraf em prisão domiciliar e o ex-governante foi conduzido, em seguida, de volta para sua residência.
A condenação de quinta diz respeito apenas às destituições arbitrárias de juízes promovidas pelo político quando ocupava o gabinete, mas Musharraf enfrenta diversas outras acusações por suas práticas nos anos em que esteve no poder. A sentença provocou uma reação dos simpatizantes do antigo mandatário, que promoveram protestos na frente do tribunal.
Tensão – Em um comunicado divulgado antes da prisão, o ex-presidente declarou ser vítima de uma “vingança” desde que voltou ao país e advertiu que sua eventual detenção poderia causaria tensões entre a Justiça e as Forças Armadas. “O comportamento do general Musharraf mostra seu desdém ante o procedimento legal e indica que como antigo chefe das Forças Armadas e ditador acredita que pode fugir de suas responsabilidades nos abusos” cometidos, analisou Ali Dayan Hasan, diretor para o Paquistão da organização Human Rights Watch.
Acusações – Musharraf também é acusado de envolvimento no assassinato do líder separatista da província de Baluchistão, Akbar Bugti, e da ex-premiê Benazir Bhuto. Além disso, um grupo de advogados paquistaneses tenta convencer o Supremo de que julgue o ex-presidente por “alta traição”, por ter imposto estado de exceção na época em que dirigiu o país, única potência muçulmana dotada de armas atômicas.