Parlamento do Irã aprova reclamação contra Ahmadinejad
Presidente do país vive crise com oposição e também com ultraconservadores
O Parlamento do Irã votou e aprovou, nesta quarta-feira, uma queixa contra o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad. A reclamação, que ainda será submetida ao Judiciário, o acusa de violar a lei ao desmantelar o ministério do Petróleo, em maio. Na ocasião, Ahmadinejad anunciou a fusão da pasta com o ministério da Energia e demitiu o titular, declarando a si próprio ministro interino. A atitude desencadeou queixas nos setores conservadores do governo.
Dos 198 parlamentares, 165 votaram a favor de citar Ahmadinejad ao Judiciário. Apenas um votou contra e os outros se abstiveram, informou a mídia estatal iraniana. Ainda não está claro se a decisão levará a um julgamento do presidente ou então a um processo de impeachment. Contudo, a decisão é simbólica dentro de uma disputa mais ampla de poder entre Ahmadinejad e seus críticos, tanto da oposição mais liberal quanto dos ultraconservadores.
Crise – As tensões entre Ahmadinejad e os conservadores têm crescido nos últimos dois meses, após o presidente ter emitido uma série de decretos que demitiram ministros e promoveram a fusão de três ministérios. A demissão do ministro do Petróleo e o desmantelamento da pasta foram particularmente controversos, por causa do peso da indústria petrolífera no Irã. O país deveria presidir neste ano a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas agora não está claro se manterá essa posição, segundo informa o Wall Street Journal.
Os parlamentares afirmam que Ahmadinejad tem minado a autoridade do Parlamento, ao emitir decretos sem a aprovação da Casa. Alguns dizem que o presidente pensa estar acima da lei. Em maio, as divergências chegaram à autoridade máxima do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que possui poder de decisão e veto sobre todos os assuntos de estado. O aiatolá confrontou o presidente e ordenou que ele recuasse da demissão do ministro da Inteligência. Ahmadinejad tem ignorado as acusações e argumenta que é o segundo homem mais poderoso do Irã. Ele também afirma agir dentro dos direitos constitucionais.
O governo ainda ficou sob fogo cerrado da oposição nesta quarta-feira, após integrantes da milícia Basij, considerada partidária do presidente, atacarem uma procissão durante o funeral de Ezatollah Sahabi, uma figura proeminente da oposição. Os milicianos espancaram e mataram Halehj Sahabi, filha do falecido político. O Movimento Verde, de oposição, pediu mais protestos contra o governo por meio de sua página no Facebook.
(Com Agência Estado)