Kuwait, 1 fev (EFE).- Os kuwaitianos vivem um dia de reflexão nesta terça-feira, véspera das eleições legislativas, com a incerteza sobre a presença real que a oposição terá na Assembleia Nacional e o papel do emir, que nomeia o primeiro-ministro e ao qual reivindicam que ceda poder aos eleitos.
No complexo sistema político kuwaitiano, onde os partidos não estão legalizados, embora diferentes grupos operem no Parlamento, os candidatos concorrem de maneira independente com o apoio dos grupos islamitas, liberais ou dos nacionalistas e populares, embora também é preciso responder à obediência tribal.
Os sucessivos embates entre o Governo e o Parlamento geraram sucessivas dissoluções da Câmara, que na última ocasião, em dezembro, foi acompanhada de protestos e manifestações nas ruas que culminaram com a ocupação da própria Assembleia Nacional.
Para um rígido sistema eleitoral e político que mantém o enorme poder do emir da família Al-Sabah chegou a hora de decidir se a constituição será mudada, como reivindicam os grupos políticos que contam com representação na Assembleia Nacional.
O Kuwait dispõe, de acordo com os analistas da região, com o sistema mais tolerante e aberto dos estados que formam o Conselho de Cooperação do Golfo, que agrupa os enriquecidos reinos petroleiros.
Um observador do sistema político da região e habitual seguidor de seus processos eleitorais comentou nesta quarta-feira a um grupo de jornalistas que o emir poderia aceitar o corte de suas prerrogativas constitucionais com a Câmara, para depois realizar sua dissolução.
Em qualquer caso, é preciso esperar o resultado da quinta-feira, na qual 400 mil eleitores irão aos 105 colégios repartidos entre os cinco distritos nos quais foi dividido o país para escolher entre os 280 candidatos, incluindo 23 mulheres.
Em um país acostumado com o Estado fornecendo as necessidades básicas, e que passou por um arrefecimento econômico dos últimos anos, a controvérsia política aumentou.
O Governo contou sempre com projetos econômicos de envergadura para satisfazer os deputados, mas agora é preciso questionar abertamente a falta de multipartidarismo, e também crescem as recriminações por corrupção e suborno dos próprios deputados. EFE