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Operação contra partidários de Mursi acaba em massacre

Ofensiva da polícia em acampamentos no Cairo deixou ao menos 43 mortos, mas a Irmandade Muçulmana, que organizou os protestos, fala em 250 óbitos

Por Da Redação
14 ago 2013, 03h29

A polícia egípcia pôs em prática no início da manhã desta quarta-feira uma ofensiva para dispersar os manifestantes acampados no Cairo em apoio ao ex-presidente Mohamed Mursi, deposto no início de julho. Para obrigar a saída dos seguidores de Mursi dos acampamentos de Rabea al Adauiya e da praça de Al Nahda, as forças de segurança começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo, mas a repressão se tornou violenta e acabou em um verdadeiro massacre após a tropa abrir fogo contra os manifestantes.

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A agência de notícias France-Presse confirma pelo menos 43 mortos, levados a um necrotério improvisado perto da praça, mas esse número deve crescer nas próximas horas. Gehad el Haddad, porta-voz da Irmandade Muçulmana – grupo ligado a Mursi que organizou os acampamentos após a deposição do ex-presidente -, afirmou no Twitter que a estimativa é de que cerca de 250 pessoas tenham morrido e 8 000 ficado feridas durante a ação.

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Entenda o caso

  1. • Na onda das revoltas árabes, egípcios iniciaram, em janeiro de 2011, uma série de protestos exigindo a saída do ditador Hosni Mubarak, há trinta anos no poder. Ele renunciou no dia 11 de fevereiro.
  2. • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em confronto com as forças de segurança de Mubarak, que foi condenado à prisão perpétua acusado de ordenar os assassinatos.
  3. • Uma Junta Militar assumiu o poder logo após a queda do ditador e até a posse de Mohamed Mursi, eleito em junho de 2012.
  4. • Membro da organização radical islâmica Irmandade Muçulmana, Mursi ampliou os próprios poderes e acelerou a aprovação de uma Constituição de viés autoritário.
  5. • Opositores foram às ruas protestar contra o governo e pedir a renúncia de Mursi, que não conseguiu trazer estabilidade ao país nem resolver a grave crise econômica.
  6. • O Exército derrubou o presidente no dia 3 de julho, e anunciou a formação de um governo de transição.

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O governo não se pronunciou sobre o número total de mortos. O Ministério do Interior, que controla as forças de segurança egípcias, afirmou de início que apenas dois policiais tinham morrido no confronto, no qual manifestantes reagiram lançando coquetéis molotov. Depois, elevou a quantidade de agentes mortos para cinco e informou o óbito de nove manifestantes. Já o Ministério da Saúde declarou inicialmente que 26 civis ficaram feridos, mas nenhum havia morrido. Mais tarde, porém, identificou sete manifestantes mortos e 78 feridos. Cerca de 200 pessoas foram presas, informaram os órgãos de segurança.

Crise – As autoridades que assumiram o comando do país depois da derrubada de Mursi em 3 de julho planejavam há semanas uma estratégia para remover os dois grandes acampamentos de membros da Irmandade Muçulmana no Cairo. O governo já havia ameaçado por três vezes acabar com as concentrações, mas recuou. Os manifestantes se anteciparam a possíveis conflitos erguendo uma barreira com sacos de areia, pneus e pilhas de tijolos, que começaram a ser removidos nesta quarta com a ajuda de tratores e blindados do Exército.

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O porta-voz do Ministério do Interior, Abdel Fattah Othman, disse na segunda-feira passada que o governo interino esperava que negociações pudessem solucionar a situação de forma pacífica e “nenhuma gota de sangue de nenhum egípcio seja derramada”, afirmou à TV Al Tahrir.

Na semana anterior, porém, a Presidência do Egito já tinha anunciado que os esforços internacionais de mediação para encerrar a crise política do país fracassaram e advertiu que a Irmandade Muçulmana seria responsável pelas “possíveis consequências”. Centenas de pessoas morreram em confrontos entre forças de segurança e partidários de Mursi nas últimas semanas.

Representantes dos Estados Unidos, União Europeia, Catar e Emirados Árabes Unidos pressionavam as partes em conflito a negociar o fim da crise e evitar novas mortes, cada vez mais comuns diante do impasse entre os militares, que recuperaram o poder político, e a Irmandade Muçulmana, vencedora de todas as eleições realizadas no Egito após o fim da ditadura de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.

Atualizado às 6h46

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(Com agência EFE)

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