ONU quer observadores em área de conflito no Sudão
Governo do país africano acusa rebeldes de desviarem a ajuda humanitária
As Nações Unidas poderão enviar observadores internacionais para controlar a ajuda humanitária destinada às duas partes do Sudão afetadas por conflitos. A decisão será considerada após denúncias de que o suporte enviado está sendo desviada para os rebeldes, afirmou um funcionário da organização nesta quarta-feira.
A chefe de ajuda humanitária da ONU, Valerie Amos, disse que o organismo está negociando com a União Africana e a Liga Árabe sobre o envio de observadores aos estados do Nilo Azul e do Kordofan do Sul, na fronteira com o Sudão do Sul.
As Nações Unidas respaldaram as declarações dos Estados Unidos de que poderia haver fome nos dois estados a menos que se permita o envio de ajuda urgente. Segundo números dos Estados Unidos, mais de 500.000 pessoas já foram deslocadas ou seriamente afetadas pelos conflitos na região.
Histórico de violência – Desde junho de 2011 ocorrem confrontos entre o exército sudanês e rebeldes no Kordofan do Sul e desde setembro no Nilo Azul, dois estados sudanesas fronteiriços com o sul. O governo central tenta implantar sua autoridade nestas regiões, que tiveram parte de sua população lutando ao lado dos sulistas durante a guerra civil (1983-2005, dois milhões de mortos) que levou à separação. O Sudão acusa as autoridades do Sudão do Sul de apoiar os rebeldes, mas o país vizinho nega.
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Amos disse a jornalistas que a maior preocupação é com os civis retidos por rebeldes do exército de Libertação Popular do Sudão do Norte (SPLM-Norte), que lutam contra as forças governamentais. A ONU negociou com o Sudão para ter acesso às regiões controladas pelo SPLM-Norte. Na terça-feira, o embaixador do Sudão acusou os trabalhadores de ajuda internacional de utilizar voos da ONU para transportar armas e munição aos rebeldes no Nilo Azul e no Kordofan do Sul. Amos disse que “não há evidências” disto e que o Sudão nunca forneceu informação para apoiar estas acusações.