ONU critica ataque que deixou 92 mortos em Hula
Entre as vítimas, há 32 criança. Visita dos Observadores da ONU ao local aconteceu um dia após bombardeio das forças do regime de Bashar Assad
O general Robert Mood, chefe dos observadores da ONU na Síria, condenou neste sábado a “tragédia brutal” em Hula, que deixou, segundo seus colaboradores, um saldo de 92 mortos, entre eles 32 crianças menores de 10 anos. “Esse uso indiscriminado e desproporcional da força é inaceitável e imperdoável”, afirmou o norueguês em comunicado.
Os observadores da ONU, mobilizados na Síria para controlar o cessar-fogo em vigor teoricamente desde 12 de abril, mas que na prática foi ignorado, se dirigiram na manhã deste sábado a Hula, um dia após as forças do regime de Bashar Assad terem bombardeado a região.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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Neste sábado, o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição, exigiu a convocação de uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para examinar a situação em Hula. A oposição faz duras críticas à postura da ONU, e diz que o órgão tem se mostrado incapaz de conter os confrontos no país.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), entidade ligada à oposição ao regime, o grupo da ONU se recusou a permanecer no local neste sábado como pediam os habitantes, que queriam realizar os funerais das vítimas sem o risco de ataques. “Explosões foram ouvidas no momento da visita dos observadores”, declarou Abdel Rahman, chefe do OSDH.
Massacre – Os bombardeios começaram ao meio-dia de sexta-feira contra os subúrbios de Hula, em particular contra as localidades de Taldo, zona sul da cidade, e Tibeh, zona oeste, e prosseguiram durante a madrugada. Vídeos feitos pelos moradores mostram cenas de corpos de crianças espalhados pelas ruas. “Algumas das vítimas foram atingidas por disparos de artilharia, outras, famílias inteiras, foram massacradas”, afirmou Bassma Kosmani, responsável por relações exteriores do CNS.
Segundo o OSDH, mais de 12.600 pessoas morreram na Síria desde o início da revolta, há 14 meses, contra o regime do presidente Bashar Assad – na maioria, civis vítimas dos disparos das forças governamentais.
(Com Agência France-Presse)
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