Texto amplia punições aprovadas pelo Conselho em 2006, 2007 e 2008
O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta quarta-feira novas sanções contra o Irã, pela quarta vez desde 2006, para tentar convencer Teerã a suspender suas atividades nucleares sensíveis.
A resolução 1929 foi redigida pelos Estados Unidos e aprovada por Alemanha, França e Grã-Bretanha, por 12 votos a 2 e uma abstenção. O Brasil e a Turquia votaram contra e o Líbano se absteve.
A Turquia e o Brasil haviam concluído em meados de maio um acordo com o Irã, prevendo a troca, em Ancara, de 1.200 quilos de urânio iraniano fracamente enriquecido (3,5%) contra 120 quilos de combustível enriquecido a 20%, fornecido pelas grandes potências e destinado ao reator nuclear de finalidades médicas de Teerã.
Mas esta proposta foi recebida friamente pelas grandes potências, que viram nisso uma manobra, um desvio, principalmente porque o Irã havia insistido na intenção de continuar a enriquecer urânio a 20%, mesmo aceitando o acordo.
O texto de hoje retoma e amplia o campo de sanções já aprovadas por três vezes pelo Conselho, em dezembro de 2006, em março de 2007 e em março de 2008.
Também prevê que o Irã não poderá investir no exterior em algumas atividades sensíveis, como em minas de urânio, e que seus navios poderão ser inspecionados em alto-mar.
O projeto proíbe, também, a venda ao Irã de oito novos tipos de armamentos pesados, principalmente tanques.
É acompanhado de três anexos contendo listas de particulares, de entidades e bancos de nacionalidade iraniana que se somarão aos que já foram golpeados com sanções individuais — congelamento de bens e proibição de viajar ao exterior.
É citado um nome de um particular, Javad Rahiqi, chefe do Centro de Tecnologia Nuclear de Ispahan da Organização iraniana de Energia Atômica (AEOI), assim como mais 40 nomes de entidades e bancos.
Entre elas, 22 são consideradas associadas a atividades nucleares e balísticas do Irã, 15 são controladas por ou associadas à Guarda da Revolução Islâmica (IRGC) e 3 são controladas pela companhia marítima da República Iraniana (IRISL).
Alguns já demonstram dúvidas sobre a eficácia das novas punições. Destacam que as inspeções a navios iranianos em alto-mar são possíveis, mas não obrigatórias porque dependerão, entre outras questões, do pavilhão do navio.