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Obama pede gasto público para classe média prosperar

No 1º discurso do Estado da União após a reeleição, o presidente dos EUA reforçou sua visão de uma recuperação da economia com investimentos do governo e pediu ao Congresso uma nova lei de imigração, incentivo à energia limpa e aumento de impostos, com corte de gastos, para diminuir o déficit

Por Da Redação
13 fev 2013, 00h26

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu mais importância à economia do que a qualquer outro assunto no seu primeiro discurso do Estado da União após a reeleição, realizado nesta terça-feira perante o Congresso americano. Obama pediu aos congressistas e ao país um esforço sustentado para revigorar uma “classe média próspera e em ascensão”, comprometendo-se a lutar por um salário mínimo mais alto, mais investimentos do governo em programas para criação de empregos e mais gastos públicos focados na educação, energias limpas e obras de infraestrutura – temas bastante conhecidos, e batidos, na sua administração.

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Ele garantiu, no entanto, que as ações não vão aumentar o déficit público “em um único centavo” e para isso propôs um “governo mais inteligente”. No começo do discurso, o presidente lembrou aos americanos que eles superaram a crise “juntos” e hoje o país “é mais forte” para enfrentar os desafios pendentes. “Após anos de recessão sufocante”, as empresas dos EUA criaram mais de seis milhões de novos empregos e, “após uma década de guerra”, os homens e mulheres militares “estão retornando para casa”, ressaltou Obama. Segundo ele, com a crise superada, agora a “tarefa pendente é assegurar que o governo trabalhe em nome da maioria, não de alguns poucos”. “É a tarefa da nossa geração, portanto, voltar a ligar o verdadeiro motor do crescimento econômico dos EUA: uma classe média que cresça e triunfe” afirmou.

Na linha de defesa da igualdade de oportunidades para todos que marcou sua campanha para a reeleição no ano passado, Obama sustentou que também é preciso “restaurar o pacto básico que construiu” o país, “a ideia de que se você trabalhar duro e cumprir as suas obrigações poderá progredir, sem importar de onde você vem, que aparência tem ou quem ama”. “Uma economia em crescimento que crie bons empregos para a classe média: essa deve ser a estrela polar a guiar nossos esforços”, indicou o presidente ao fixar suas prioridades para os próximos quatro anos.

Com mais uma batalha sobre o corte compulsório de gastos do governo e o aumento do teto da dívida pública se aproximando – o prazo do último acordo entre republicanos e democratas termina este mês -, Obama renovou sua proposta de um grande plano para reduzir o déficit fiscal a partir de uma reforma tributária que inclua mais impostos para os ricos e cortes de gastos públicos em alguns setores. “Vamos colocar os interesses partidários de lado e trabalhar para aprovar um orçamento que troque cortes imprudentes por formas inteligentes de economizar e investimentos no futuro”.

Imigração – O líder americano prometeu que promulgará “imediatamente” uma reforma das leis de imigração se o Congresso a aprovar nos próximos meses. “Enviem-me um projeto de lei para uma reforma da imigração integral nos próximos meses e eu a assinarei imediatamente”, disse Obama na sessão conjunta do Congresso. Ele ainda assinalou que o fortalecimento da economia passa por aproveitar “o talento e o engenho dos imigrantes que se esforçam com esperança”.

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Obama destacou que uma “verdadeira” reforma das leis de imigração equivale ao avanço da segurança nas fronteiras, algo que seu governo conquistou, segundo ele, mediante o maior deslocamento de agentes fronteiriços na história dos EUA e uma redução dos cruzamentos ilegais para seus níveis mais baixos em 40 anos.

Para obter a legalização e a eventual cidadania, advertiu o presidente como já havia feito em discurso sobre o tema, os imigrantes ilegais deverão submeter-se a uma revisão de antecedentes penais, pagar impostos e uma multa “substancial”, aprender inglês e “colocar-se no final da fila” dos que tentam emigrar aos EUA de forma legal.

Nas últimas semanas, grupos pró-reforma e líderes democratas do Congresso deixaram claro que só aceitarão uma reforma que inclua uma via para a legalização e a eventual cidadania dos 11 milhões de imigrantes ilegais no país. A versão da reforma migratória que é avaliada pelo Senado e que conta com o apoio de líderes como o senador republicano pela Flórida, Marco Rubio, vincula a legalização ao fortalecimento da segurança fronteiriça, entre outros elementos.

Coreia do Norte – O anúncio da Coreia do Norte de que realizou seu terceiro teste nuclear na segunda-feira não passou em branco no discurso. Obama prometeu tomar “medidas firmes” junto aos aliados dos Estados Unidos contra as “provocações” do regime norte-coreano.

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“Provocações como a que vimos ontem à noite apenas os isolarão ainda mais, já que, juntamente com nossos aliados, fortaleceremos nossa própria defesa contra mísseis e iremos liderar o mundo na adoção de medidas firmes em resposta a essas ameaças”, afirmou Obama. “O regime da Coreia do Norte deve saber que somente alcançará a segurança e prosperidade mediante o cumprimento de suas obrigações internacionais”, advertiu.

Em seu primeiro mandato, Obama deixou de lado a expectativa de mudança de comportamento da Coreia do Norte e, em vez disso, adotou uma espécie de “paciência estratégica”, à espera de que o regime de Pyongyang desse o primeiro passo. Mas a Coreia do Norte voltou a usar de “ameaças” ao Ociente em comunicados oficiais nos últimos dias, culminando com o novo teste nuclear.

Terrorismo – Ao abordar a segurança nacional, Obama prometeu mais transparência nos esforços antiterroristas do seu governo, mas também sustentou que “quando for necessário” seguirá tomando “ações diretas” contra aqueles que forem uma ameaça para seus compatriotas – o comentário foi uma referência indireta ao uso dos drones (aviões robôs não tripulados), que têm sido alvo crescente de protestos de grupos de defesa dos direitos humanos e alvo constante da oposição republicana.

“Minha administração se esforçou incansavelmente para criar um marco jurídico e político durável que guie as nossas operações antiterroristas”, explicou Obama. Além disso, o presidente detalhou que o governo manteve o Congresso “plenamente informado” sobre os seus esforços nessa questão.

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“Seguirei trabalhando com o Congresso para garantir não só que nossa seleção de objetivos, detenção e processo de terroristas se mantenha consistente com nossas leis e sistemas de controle, mas também que nossos esforços sejam ainda mais transparentes perante o povo americano e o mundo”, prometeu.

A “ameaça” representada pelos grupos extremistas e filiados à Al Qaeda da Península Arábica até a África “está evoluindo”, advertiu Obama. Para fazer frente a eles “é preciso ajudar países como Iêmen, Líbia e Somália para que possam ocupar-se de sua própria segurança e ajudar os aliados que brigam contra os terroristas, como fizemos no Mali”, avaliou. “E, quando for necessário e usando uma ampla categoria de capacidades, continuaremos tomando ações diretas contra aqueles terroristas que representam a ameaça mais séria contra os americanos”, apontou o presidente.

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Como era previsto, Obama anunciou oficialmente a retirada de 34.000 soldados americanos do Afeganistão até fevereiro do ano que vem. O número corresponde a pouco mais da metade da força americana no país, que atualmente possui aproximadamente 66.000 soldados.

No final de 2014, quando está previsto o fim das operações militares no Afeganistão, a Casa Branca avalia deixar em solo afegão no máximo 15.000 soldados, mas há a possibilidade de que esse número seja bem mais reduzido, podendo até chegar a zero.

Armas – Barack Obama também falou sobre a necessidade de um maior controle das armas nos Estados Unidos e declarou que, desta vez, o debate sobre o assunto “é diferente” porque uma “arrasadora maioria” dos americanos “uniu forças” em torno de reformas de bom senso.

As propostas do governo, de senadores e das autoridades policiais para reduzir a violência causada pelas armas “merecem um voto”, ressaltou o presidente ao pedir urgência ao Congresso na aprovação de novas leis a respeito. Foi um dos momentos em que Obama recebeu mais aplausos.

(Com agências EFE e France-Presse)

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