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Número de mortes em conflitos no Cairo sobe para 51

Presidente interino pede calma e Exército dá sua versão dos confrontos

Por Da Redação
8 jul 2013, 12h14

O número de mortes nos confrontos entre militares e partidários do presidente deposto Mohamed Mursi na manhã desta segunda-feira, diante do quartel-general da Guarda Republicana no Cairo, subiu para 51, segundo o chefe dos serviços de emergência da capital egípcia. Mais de 430 pessoas ficaram feridas.

Entenda o caso

  1. • Na onda das revoltas árabes, egípcios iniciaram, em janeiro de 2011, uma série de protestos exigindo a saída do ditador Hosni Mubarak, há trinta anos no poder. Ele renunciou no dia 11 de fevereiro.
  2. • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em confronto com as forças de segurança de Mubarak, que foi condenado à prisão perpétua acusado de ordenar os assassinatos.
  3. • Uma Junta Militar assumiu o poder logo após a queda do ditador e até a posse de Mohamed Mursi, eleito em junho de 2012.
  4. • Membro da organização radical islâmica Irmandade Muçulmana, Mursi ampliou os próprios poderes e acelerou a aprovação de uma Constituição de viés autoritário.
  5. • Opositores foram às ruas protestar contra o governo e pedir a renúncia de Mursi, que não conseguiu trazer estabilidade ao país nem resolver a grave crise econômica.

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O presidente interino do Egito, Adly Mansur, lamentou as mortes e pediu calma em meio aos conflitos entre as duas partes depois do golpe militar de quarta-feira passada, informou a rede BBC. Diante das versões divergentes sobre o episódio, Mansur também anunciou a criação de um comitê para investigar as mortes. Também pediu aos manifestantes que não se aproximem de instalações militares.

Exército – Acusado de praticar um massacre diante da Guarda Republicana, o Exército egípcio realizou uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira para apresentar sua versão dos fatos – a de que grupos armados atacaram a Guarda Republicana. Segundo o porta-voz do Exército, Ahmed Mohamed Ali, o ataque começou na madrugada desta segunda-feira com lançamentos de pedras, mas a agressão evoluiu para disparos com munição real contra os soldados e a polícia. Ao mesmo tempo, “terroristas” estariam tentando atacar outros prédios da Guarda Republicana com coquetéis molotov e bombas caseiras. Ao menos um soldado morreu e outros oito estão em condição crítica de saúde.

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“O Exército deu mais de um aviso: os soldados não podem ser abordados. Isso é senso comum em qualquer país do mundo”, disse o porta-voz das Forças Armadas, disse Ali, segundo a rede Al Jazeera. “O objetivo primordial do Exército é proteger os cidadãos egípcios sem discriminação. O segundo é proteger todas as instituições estratégicas.”

Durante a entrevista, Ali respondeu às denúncias feitas por islamitas de que crianças haviam sido baleadas nos conflitos. “Imagens de mulheres e crianças mortas hoje foram mostradas. Como elas podem estar implicadas nesses acontecimentos? São imagens ideológicas como as usadas na Síria. Eu repito, as Forças Armadas do Egito atacam seus inimigos, não suas crianças”. Ali também negou que as balas mostradas por apoiadores de Mursi como prova de que os soldados abriram fogo contra os manifestantes são falsas.

“Gostaria de sublinhar que nós estamos nos dirigindo a um estado verdadeiramente democrático e civil, admirável para o mundo inteiro (…). Aqueles que se manifestam na praça Nahda são cidadãos egípcios, nossos irmãos e irmãs. Pedimos que continuem pacíficos. As Forças Armadas prometem não caçar ninguém”, afirmou Ali.

Versões – A Irmandade Muçulmana afirma que seus apoiadores foram atacados pelas Forças Armadas em um incidente que chamaram de “massacre”. O Exército, por sua vez, diz que “terroristas” tentaram atacar o quartel-general e os soldados apenas responderam ao ataque.

Depois de ter sua sede fechada pela Justiça, o partido político da Irmandade Muçulmana, Partido da Liberdade e da Justiça, convocou os egípcios para uma “revolta contra aqueles que estão tentando roubar a revolução com tanques”.

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Já o grande imã Ahmed Al-Tayeb de Al-Azhar, principal autoridade sunita do Egito, anunciou que está afastado da situação no Egito até o fim da onda de violência. Al-Tayeb permanecerá “recolhido em sua casa até o fim do derramamento de sangue egípcio e até que as autoridades assumam suas responsabilidades”, afirma um comunicado lido na televisão estatal. Na quinta-feira passada, Al-Tayeb havia apoiado o que chamou de “mapa do caminho” negociado entre o Exército e a oposição para organizar a transição.

Os militares argumentam que a deposição de Mursi não foi um golpe de Estado, pois estaria atendendo aos anseios de milhões de egípcios que saíram às ruas em 30 de junho. Confrontos entre apoiadores e oponentes de Mursi continuam acontecendo no Cairo, em Alexandria e outras cidades. Entre sexta-feira e sábado, pelo menos 35 pessoas morreram.

Imprensa – Uma equipe da rede Al Jazeera foi expulsa da entrevista coletiva concedida pelo Exército. Um jornalista egípcio se levantou e exigiu que os repórteres do canal catariano fossem expulsos, e então eles foram levados para fora sob gritos de “Fora! Fora!” dos que permaneceram no local. Logo após a expulsão da equipe da Al Jazeera, o chefe da polícia do Cairo disse: “nós acreditamos em liberdade de imprensa. O Egito é um país com liberdade de democracia”, segundo informou o correspondente do Wall Street Journal, Charles Levinson. Mais tarde, na Praça Tahrir, o correspondente do jornal The New York Times, Ben Hubbard, foi expulso por dois homens que diziam que jornalistas estrangeiros eram “proibidos”.

(Com agências France-Presse e Reuters)

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