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No Rio, subsecretária de direitos humanos da ONU pede que Síria libere entrada de ajuda humanitária

Valerie Amos está no Brasil para conhecer a experiência do país com desastres naturais

Por Luís Bulcão, do Rio de Janeiro
3 abr 2012, 18h18

“Visitei a Síria há três semanas. Fui a primeira pessoa a chegar à região de Baba Hama, que teve, durante 26 dias seguidos, conflitos intensos. Metade das pessoas havia fugido por causa da luta. Não havia ninguém nas ruas”

A ONU apela para que o governo da Síria permita a entrada imediata de 10 mil voluntários da Crescente Vermelha (versão da Cruz Vermelha para os países islâmicos). De acordo com a subsecretária-geral de Direitos Humanos, Valerie Amos, que está no Brasil para conhecer a experiência brasileira no enfrentamento de desastres e fortalecer os laços da ONU no país, 1 milhão de pessoas necessitam urgentemente de ajuda remédios, alimentos e ajuda médica e psicológica no país árabe.

“Visitei a Síria há três semanas. Fui a primeira pessoa a chegar à região de Baba Hama, que teve, durante 26 dias seguidos, conflitos intensos. Metade das pessoas havia fugido por causa da luta. Não havia ninguém nas ruas. As lojas e mercados estavam fechados. A cidade estava completamente destruída. Não havia um prédio que não havia sido bombardeado. Havia duas famílias que tentaram voltar para salvar os seus pertences e um grupo de homens na rua. Nada além disso e das forças do governo. O governo da Síria não aceitou as propostas claras que fizemos para ajudar a população necessitada”, disse.

De acordo com Valerie, o Conselho de Segurança trabalha em duas vertentes. A primeira para garantir o acesso à ajuda humanitária. A segunda é definir resoluções para apoiar os diálogos de Kofi Anan como enviado especial da Liga Árabe e da ONU para conseguir um acordo para a resolução da crise. Questionada sobre uma possível intervenção militar internacional, a subsecretária disse que as tratativas do órgão máximo de segurança da ONU buscam uma solução pacífica. “As resoluções do Conselho de Segurança para a Líbia foram únicas e não valem para nenhum outro país”, lembrou.

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Para Valerie Amos, o Brasil pode ajudar apoiando as resoluções do Conselho de Segurança para acesso à ajuda humanitária e dando apoio às iniciativas da ONU e da Liga Árabe para resolver a crise.

Entenda o caso

  1. • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
  2. • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
  3. • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.

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Desastres naturais – A subsecretária teve encontros na segunda-feira com o ministro das relações exteriores do Brasil, Antônio Patriota, com o ministro da Defesa, Celso Amorim, e com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Nesta terça-feira ela teve uma reunião com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e tem encontros agendados com representantes da sociedade civil e de empresas privadas. Segundo ela, o objetivo é compartilhar os esforços do Brasil para lidar com desastres, como o ocorrido em 2010 na serra fluminense. “Discutimos oportunidades para fortalecer a relação da ONU com o Brasil. Estou muito interessada em partilhar a ampla experiência que o Brasil tem para responder a desastres e à segurança alimentar, tanto em experiências ocorridas no próprio país como em sua atuação na missão de paz do Haiti”, afirmou.

Questionada sobre os casos de corrupção identificados com a ajuda governamental para os atingidos da serra fluminense, ela afirmou que o Brasil está aprendendo com suas próprias experiências. “Os países aprendem lições sobre a forma com que lidam com situações anteriores. Esse é o maior desafio”. Como exemplo, Valerie afirmou que o Japão também encontrou dificuldades para lidar com o desastre ocorrido no Japão com o terremoto seguido de tsunami no ano passado. “Todos os países do mundo com quem tenho trabalhado desde que estou na ONU me fazem escutar que poderiam ter feito melhor”, afirmou.

Sobre a recente polêmica da retirada de pontos que tratavam de Direitos Humanos ligados às mulheres e à população indígena do documento que atuará como declaração da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável que ocorre no Rio entre os dias 20 e 22 de junho, Valerie Amos tentou não polemizar. “Sem dúvida, essas questões fazem parte do debate em torno do desenvolvimentos sustentável, que também invoca muitas outras problemáticas. Mas cabem aos países envolvidos no processo de negociação decidirem o que é prioritário no momento”, afirmou.

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