Morte misteriosa de britânico agrava crise na China
Mulher do ex-líder Bo Xilai é acusada de envenenar o empresário Neil Heywood
Em mais uma reviravolta no maior escândalo já enfrentado pelo Partido Comunista Chinês, a mulher do popular líder regional Bo Xilai – afastado do cargo em março – foi presa acusada pela morte de um empresário britânico em 2011.
Antigo chefe do Partido no município autônomo de Chongqing e um dos homens mais influentes do país, Xilai, que já havia sido afastado da liderança na região, foi destituído de todos os cargos e títulos após a detenção de sua mulher, a advogada Gu Kailai. Em uma nota na agência estatal do país, a Xinhua, o Partido Comunista se limitou a afirmar: “O camarada Bo Xilai é suspeito de estar envolvido em graves violações disciplinares”.
Inicialmente atribuída à intoxicação por excesso de álcool, a morte do empresário Neil Heywood, encontrado em um quarto de hotel de Chongqing em novembro de 2011, agora é considerada pelas autoridades um “homicídio intencional”, reportou a agência Xinhua.
Executivo inglês que fez fortuna atuando em Pequim e Chongqing, Heywood era amigo de Xilai e Kailai, mas segundo a Xinhua, os antigos parceiros vinham enfrentando conflitos sobre “interesses econômicos”.
Intrigas – A investigação sobre a morte foi reaberta após a denúncia de um chefe de polícia nomeado pelo próprio Bo Xilai. Em fevereiro, o delegado Wang Lijun, acusado de corrupção pelo regime comunista, buscou refúgio no consulado dos Estados Unidos, em Chengdu. Segundo o jornal New York Times, foi nesta tentativa de asilo político que o antigo aliado de Xilai revelou que a morte de Heywood foi provocada por envenenamento.
Após deixar o consulado 30 horas depois, Lijun foi levado sob custódia pelas autoridades chinesas, por ter entrado em um posto diplomático sem autorização. Bo Xilai e a mulher também estão confinados até o fim das investigações.
O escândalo, que agora ganha contornos dignos de um filme de espionagem, agrava ainda mais a crise política que expôs a luta pelo poder e as divisões internas do Partido Comunista Chinês, conhecido por evitar ao máximo qualquer manifestação pública de instabilidade.
Os acontecimentos recentes obrigaram o regime chinês a recrudescer a censura na internet, para impedir a propagação de críticas ao Partido ou de boatos sobre golpes nos altos escalões.