Milhares de afegãos protestam contra queima do Corão
Manifestação ocorreu na base americana de Bagram. O general John Allen, comandante da missão da Otan no país, pediu desculpas pelo incidente
Milhares de afegãos protestaram nesta terça-feira diante da maior base americana no Afeganistão, perto de Cabul, acusando as tropas estrangeiras de terem queimado exemplares do Corão. A manifestação aconteceu diante da base de Bagram, 60 km ao norte da capital, e foi reprimida com balas de borracha.
O comandante em chefe da Força Internacional para o Afeganistão da Otan (Isaf), o general americano John Allen, pediu desculpas ao povo afegão depois de informações indicando que “soldados da base de Bagram descartaram de forma incorreta um grande número de documentos islâmicos, incluindo exemplares do Corão”. O general Allen não confirmou, no entanto, se foram queimados exemplares do livro sagrado, como assegura a polícia afegã, mas ordenou uma investigação.
Investigação – O fotógrafo da agência de notícias France-Press viu exemplares do Corão com as bordas queimadas que funcionários afegãos da base afirmaram ter salvado da destruição. “Assim que soubemos do ocorrido, interviemos imediatamente. O que foi recuperado será tratado devidamente pelas autoridades religiosas competentes”, afirmou o general Allen em um comunicado em vídeo, numa tentativa de apaziguar a ira dos afegãos. “Investigamos com profundidade este incidente e tomaremos as medidas necessárias para garantir que isto não voltará a ocorrer”, concluiu o militar.
Outra concentração de cerca de 500 pessoas foi realizada em Cabul, perto das principais bases da Otan na capital, na estrada de Jalalabad, mas já havia sido dispersada no fim da manhã (hora local). O presidente afegão, Hamid Karzai, condenou energicamente a queima dos exemplares e pediu a uma comissão de autoridades religiosas que investigue o ocorrido.
Outros casos – No início de janeiro, um vídeo de quatro marines americanos urinando sobre os cadáveres de talibãs foi colocado na internet e provocou um pedido de desculpas dos militares. O incidente, no entanto, não provocou protestos violentos dos afegãos. Em abril de 2011, dez pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em manifestações durante vários dias depois que o pastor americano Terry Jones queimou um exemplar do Alcorão na Flórida.
(Com Agência France-Presse)