Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Marechal Al-Sisi renuncia para concorrer à presidência do Egito

Em pronunciamento na TV, marechal promete eliminar 'terrorismo' do país

Por Da Redação
26 mar 2014, 14h48

(Atualizado às 17h45)

O marechal Abdel Fattah al-Sisi anunciou nesta quarta-feira sua renúncia ao cargo de chefe do Exército para poder disputar as eleições presidenciais, que ainda não têm data marcada, mas devem ser realizadas até o fim deste ano. No início deste mês, o jornal estatal Al-Ahram citou o presidente interino Adly Mansour dizendo que o pleito seria realizado em 17 de julho. O anúncio de Al-Sisi foi feito pela televisão e confirma a expectativa pela candidatura do homem que liderou o golpe contra o presidente Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, em julho do ano passado.

Em seu pronunciamento, o marechal disse que “humildemente afirma sua intenção de concorrer à Presidência” e declarou que o Egito está sendo “ameaçado por terroristas”, prometendo eliminar o “terrorismo” do país. Ele já vinha demonstrado sua disposição em se candidatar, fingindo-se de desinteressado e apoiando seus planos sempre na ‘vontade do povo’. No início deste mês, ele disse que “não poderia virar as costas para o chamado da maioria dos egípcios”.

A popularidade de Al-Sisi e a falta de adversários fortes devem facilitar o caminho do marechal rumo à vitória nas eleições. O Egito foi governado por militares desde a queda do rei Farouk, em 1952, até 2012, quando assumiu a Irmandade. Os egípcios, preocupados com a crise econômica e com o caos instalado no país durante os doze meses dos islamistas no poder, estão novamente encantados com os homens de uniforme.

Leia também:

Tribunal egípcio proíbe atividades do Hamas no país

Continua após a publicidade

Marechal al-Sisi indica que vai concorrer mesmo à Presidência do Egito

A nova Constituição, aprovada em referendo realizado em janeiro, também pavimentou esse caminho ao preservar os poderes dos militares que apearam os islamistas do governo. A consulta popular teve 98% de aprovação, resultado que escancarou os problemas presentes no sistema político do país – já que é praticamente impossível alcançar tal maioria em um pleito limpo e justo. Nos cartazes de rua, a foto onipresente era a do marechal, e nos centros de votação, tocava-se continuamente uma música ufanista em agradecimento aos militares, cantada por artistas famosos. Quem fez campanha contra a Constituição foi preso.

Defensores dos direitos humanos alertam para o caráter autoritário de Al-Sisi. Após o golpe, o Exército ampliou o cerco aos simpatizantes da Irmandade, grupo radical islâmico que alavancou a candidatura de Mursi após a queda do ditador Hosni Mubarak. Protestos contra a saída do ex-presidente foram duramente repreendidos, e houve centenas de mortes em todo o país. A Irmandade foi considerada uma organização terrorista e seus apoiadores foram presos e condenados em controversos julgamentos. Nesta segunda-feira, a Justiça egípcia sentenciou mais de 500 pessoas à pena de morte.

O início do período de indicações para a eleição presidencial deve ser anunciado no próximo domingo. Hamdeen Sabahi, que ficou em terceiro lugar no pleito vencido por Mursi em 2012, é o único a ter declarado sua intenção de concorrer ao cargo. O general Sedki Sobhi, deve ser nomeado o novo comandante das Forças Armadas e ministro da Defesa.

Continua após a publicidade

Leia mais:

Novo premiê promete ‘esmagar terrorismo’ no Egito

Primeiro-ministro egípcio renuncia e dissolve governo interino

Rússia – Com o favoritismo inegável de Al-Sisi nas eleições presidenciais, a política externa do país volta a ser motivo de discussão entre a comunidade internacional. Recentemente, o marechal se encontrou com o presidente russo Vladimir Putin, em Moscou, e recebeu o apoio do político para concorrer ao cargo. Com as relações entre Cairo e Washington estremecidas após Barack Obama cancelar o envio de parte de um pacote bilionário de ajuda militar, Putin trabalha para recuperar o prestígio que o governo russo nutria na região antes dos levantes populares que ficaram conhecidos como ‘Primavera Árabe’. Moscou contabiliza perdas de dezenas de bilhões de dólares em contratos militares assinados com os ditadores que foram derrubados do poder, incluindo Mubarak.

No ano passado, o próprio chanceler egípcio, Nabil Fahmy, afirmou que o governo do país iria olhar além das possibilidades fornecidas por Washington e buscar outras opções para suprir suas necessidades com segurança. Por estar localizado perto de aliados americanos como Israel, Jordânia e Arábia Saudita, além de outros países onde a ameaça jihadista vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, como Líbia e Síria, o Egito é caracterizado como uma importante zona de influência para os Estados Unidos terem controle sobre a estabilidade regional. Uma aproximação com a Rússia poderia, além de prejudicar os interesses americanos no Oriente Médio, ampliar a influência de aliados de Putin, como o ditador sírio Bashar Assad.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.