Jovem camaronês mostra que é possível inovar e salvar vidas
Arthur Zang, de 26 anos, é inventor do Cardiopad, equipamento que permite realizar exames cardiológicos a distância
Arthur Zang, um jovem engenheiro camaronês de 26 anos, pretende mostrar que, apesar dos muitos problemas que afligem a África, há espaço para a inovação. E formas de salvar vidas. Há dois anos, Zang desenvolveu o Cardiopad, equipamento que permite a realização de exames cardíacos como eletrocardiogramas em pacientes que moram em comunidades localizadas longe dos centros médicos. Um dos vencedores, neste ano, do Prêmio Rolex de Empreendedorismo, ele pretende produzir mais cem aparelhos – seu objetivo é no futuro distribuir 500 unidades pelo país.
O equipamento é semelhante a um tablet, com eletrodos que são ligados ao paciente como num exame cardíaco de rotina realizado em um hospital. Só que com uma diferença: um leigo pode operá-lo e os resultados são enviados diretamente para o computador ou celular de um cardiologista. Isso evita a realização de viagens longas e por vezes perigosas até as cidades maiores do país. Mais importante: o aparelho permite a simplificação do exame e acelera o envio dos resultados, driblando a espera que muitos habitantes enfrentam para marcar uma consulta.
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Desenvolvimento – “Quando eu decidi desenvolver o tablet como um produto eletrônico, eu não tinha o conhecimento porque eu era basicamente um engenheiro da computação. Então eu decidi aprender os fundamentos da eletrônica por meio da internet. Eu descobri um programa educacional gratuito desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia da Índia. Foi assim que aprendi eletrônica”, afirmou Zang ao serviço de notícias Voz da América. Em seguida, ele foi aconselhado por médicos sobre como o programa deveria funcionar. Tudo foi feito durante seu tempo livre, já que ele trabalhava na área de tecnologia da informação de uma universidade local.
O dinheiro apareceu de forma inesperada. Zang publicou apelos em redes sociais por ideias sobre como obter os 45.000 dólares necessários para o projeto e os primeiros protótipos. Um investidor apareceu: o próprio presidente de Camarões, Paul Biya, que forneceu quase metade da quantia. Com o valor, Zang conseguiu produzir os primeiros vinte equipamentos.
Mesmo com as dificuldades de desenvolver seu projeto em um país onde a maior parte dos hospitais funciona de maneira precária, ele afirma que investidores internacionais têm manifestado interesse na produção. Zang também alcançou reconhecimento: além do prêmio, o camaronês foi incluído na lista de jovens empreendedores mais promissores da África publicada este ano pela revista Forbes.
“Gostaria, sobretudo, que outros empreendedores africanos seguissem meu exemplo. A inovação pode vir e virá cada vez mais da África. Meu conselho aos jovens africanos que têm vontade de mudar as coisas: não sejam convencionais. E, sobretudo, não tenham medo do olhar dos outros, é normal que vocês provoquem medo se trouxerem mudanças”, disse Zang para a edição africana da revista francesa Le Point.
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