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Jesuíta, papa deverá evangelizar, reformar e espiritualizar

Fundada em 1534, a Companhia de Jesus tem o trabalho missionário e evangelizador como principal característica. Perseguida no passado, ordem tem no papa Francisco seu expoente máximo na atualidade

Por Rodrigo Vizeu, de Roma
23 mar 2013, 08h30

Em um momento em que a Igreja Católica perde fiéis para o secularismo e a concorrência evangélica, o desafio da Companhia de Jesus passa a ser conter a sangria no rebanho católico. Nesse contexto, a eleição do primeiro papa jesuíta tem um significado estratégico. Poderosa, organizada e espalhada pelo mundo, a Companhia de Jesus, ou Ordem dos Jesuítas, tem o trabalho missionário e evangelizador como principal característica.

“Eles têm muita experiência em converter. Aonde você vai no mundo, encontra um jesuíta”, diz o jornalista e escritor Marco Ansaldo, vaticanista do jornal italiano La Repubblica. Segundo ele, o sinal que a Igreja deu ao eleger um pap do hemisfério sul e da Companhia de Jesus, é que deixará de ficar concentrada na Europa e passará a “olhar para o mundo”.

Fundada em 1534, a Companhia de Jesus tem uma dedicação histórica à propagação da fé. A ordem, uma das maiores da Igreja Católica, com cerca de 19.000 membros em 130 países, também se notabilizou pela catequização dos índios durante a colonização do continente americano.

Alguns esperam que um papa jesuíta permita à Igreja se engajar de forma mais aberta e corajosa com o mundo, para proteger a mensagem da Igreja em novas formas e ressaltar o serviço e a solidariedade aos pobres, destacou o jornal The New York Times.

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Reforma – Outro sinal que os cardeais podem ter dado ao eleger Jorge Bergoglio novo pontífice é ter alguém para fazer as reformas necessárias na burocracia da Cúria Romana. Como as ordens religiosas detêm uma relativa autonomia, Francisco poderia se cercar de aliados jesuítas para governar e eventualmente atuar com relativa independência, acredita Ansaldo.

Em entrevista ao jornal NYT, o reverendo James Martin, editor da revista jesuíta America, disse que os cardeais queriam alguém que pudesse tomar decisões difíceis, e “o fato de ele ser membro de uma ordem religiosa pode dar a ele certa aura de independência”.

No domingo, o papa recebeu o padre espanhol Adolfo Nicolás, que comanda a ordem – na semana passada, o padre divulgou uma declaração afirmando que a eleição de Francisco “abre para a Igreja uma etapa repleta de esperança”.

Nesta terça-feira, Francisco terá ao seu lado na missa inaugural de seu papado representantes dos jesuítas e dos franciscanos, que inspiraram seu nome.

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Perseguição – Poderosos, numerosos, cultos, os jesuítas eram alvo de muito rancor, dentro e fora da Igreja. Em 1773, quando a congregação foi suprimida pelo papa Clemente XIV justamente pela grande influência que exercia no mundo, os jesuítas brasileiros foram expulsos do país por Marquês de Pombal – que considerava a ordem uma ameaça ao poder central da coroa -, voltando apenas em 1814.

Diante desse histórico, a eleição de um pontífice jesuíta surpreendeu o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, também jesuíta. Ele se disse “aturdido” ao ver Bergoglio no balcão da basílica de São Pedro, na noite da última quarta-feira.

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“A eleição de Bergoglio significa que os jesuítas não são mais considerados ‘perigosos’ dentro da igreja”, avalia Marco Tosatti, especialista em Santa Sé do site Vatican Insider, ligado ao jornal La Stampa.

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Os integrantes da ordem são conhecidos pela valorização da cultura, tendo como fim último o crescimento da Igreja. A fé propagada pelos jesuítas em várias partes do mundo está baseada na disciplina e na obediência. Essa “rigorosa espiritualidade”, como define o americano Kevin Eckstrom, especialista do site “Religion News Service”, também aponta uma característica do novo papa jesuíta. “Se Bento XVI era um papa profundamente intelectual, creio que podemos esperar que Francisco seja um papa profundamente espiritual, como resultado direto de sua formação jesuíta.”

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