Iraque anuncia fechamento da prisão de Abu Ghraib
Penitenciária perto de Bagdá foi centro de tortura de Saddam Hussein e, sob administração dos EUA, foi palco de um escândalo contra os direitos humanos
O Iraque decidiu fechar a penitenciária de Abu Ghraib, perto de Bagdá, tristemente célebre por ter sido um centro de tortura durante o regime de Saddam Hussein e um local no qual soldados americanos foram acusados de violarem os direitos humanos de prisioneiros, anunciou o Ministério da Justiça. Até o momento não foi divulgado se a decisão, motivada por problemas de segurança, é provisória ou definitiva. Abu Ghraib fica em uma área considerada perigosa, entre Bagdá e Fallujah, cidade sob controle do grupo jihadista Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL) desde janeiro.
Os 2.400 presos, detidos ou condenados por terrorismo, foram transferidos para outros centros penitenciários do Iraque, informou o ministro da Justiça, Hasan al-Shamari. Durante o governo de Saddam Hussein, a prisão funcionava como um violento centro tortura onde morreram quase 4.000 detentos.
Leia também
Ataque com carro-bomba no Iraque mata 32 e fere 147
No Iraque, terrorismo mostra força e instabilidade persiste
Curdistão, um ‘oásis’ em meio ao caos do Iraque
Abu Ghraib ganhou fama internacional em 2004, quando foram divulgadas fotografias que mostravam soldados e policiais americanos em cenas de agressão e humilhação a prisioneiros. O relatório do Exército dos Estados Unidos, redigido pelo general George Fay, revelou que muitos abusos contra os prisioneiros iraquianos foram cometidos fora dos interrogatórios e por iniciativas próprias dos agressores.
Investigadores descobriram também que comandantes nas posições mais altas na administração do presídio sabiam dos abusos, mas não tomaram nenhuma atitude. O relatório disse ainda que outras oito pessoas, incluindo dois civis, sabiam dos abusos, mas não relataram o que ocorreu.
O documento concluiu que os abusos foram consequência de um “comportamento impróprio (de desumano a sádico) por parte de um pequeno grupo de soldados e civis moralmente corruptos, e falta de disciplina por parte dos líderes e soldados”. Depois que o escândalo de Abu Ghraib veio à tona, mais de dez militares foram condenados por abusos contra detentos com penas que variam de 90 dias a 10 anos de prisão.