Irã: famílias de cientistas mortos acusam Israel, EUA e Grã-Bretanha
TV estatal do país afirma que Israel treinou 14 suspeitos do assassinato de cinco cientistas. Famílias querem julgamento por organismos internacionais
As famílias de cientistas nucleares iranianos assassinados nos últimos anos entraram com uma ação contra Israel, Estados Unidos e Grã-Bretanha acusando-os de envolvimento, divulgou nesta quarta-feira o jornal britânico The Guardian. Rahim Ahmadi Roshan, pai de Mustafa Ahmadi Roshan, especialista em química e diretor de uma usina de enriquecimento de urânio morto em um ataque a bomba em janeiro, disse em uma coletiva de imprensa que as famílias pediram ao judiciário iraniano que busque levar os responsáveis pelas mortes à Justiça nos organismos internacionais.
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A televisão estatal iraniana transmite neste mês supostas confissões de 14 suspeitos de conexão com o assassinato de cinco cientistas desde 2010. O canal mostrou imagens de um quartel militar que afirma ser um centro de treinamentos nos arredores de Tel Aviv, em Israel, onde os suspeitos fizeram cursos, inclusive sobre a forma de colocar bombas magnéticas em carros, método utilizado no assassinato dos cientistas. Os suspeitos também afirmaram nas confissões que receberam treinamento em Israel.
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O Irã afirma que os ataques fazem parte de uma campanha secreta de Israel e do Ocidente para sabotar seu programa nuclear, considerado de fins militares pelos EUA. O governo do país culpou o serviço secreto Mossad, de Israel, bem como a CIA, dos Estados Unidos, e o MI6 britânico pelos assassinatos, com o apoio de alguns dos vizinhos do Irã. Os EUA e a Grã-Bretanha negaram envolvimento nas mortes, já Israel não comentou.
Mansoureh Karami, esposa do professor de física assassinado da Universidade de Teerã, Masoud Ali Mohammadi, disse que “por meio da reclamação, nós declaramos ao mundo que as ações dos governos arrogantes, liderados pelos EUA, Grã-Bretanha e o regime sionista de Israel, que assassinar cientistas nuclear é contra os princípios humanos”. Em maio, o Irã enforcou Majid Jamali Fashi, de 24 anos, pelo assassinato de Ali Mohammadi 2010. Fashi disse em confissões televisionadas que havia sido recrutado pelo Mossad.