Irã é convidado para conferência de paz sobre Síria
Oposição a Assad ameaça deixar encontro se convite for mantido. EUA dizem que convite deve ser retirado se o Irã não concordar com transição na Síria
O Irã confirmou nesta segunda-feira que recebeu o convite oficial para participar do encontro “Genebra 2”, a conferência internacional que começará nesta quarta-feira com objetivo de buscar uma solução pacífica para a guerra civil na Síria. “A República Islâmica do Irã recebeu o convite para ir à Genebra 2”, anunciou o vice-ministro iraniano de Relações Exteriores para a África e Países Árabes, Hossein Amir Abdolahian, em declarações divulgadas pela agência oficial Irna. A oposição política síria, no entanto, disse que deixará as negociações internacionais sobre a paz se o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, não retirar o convite feito ao Irã, um dos principais apoiadores do ditador Bashar Assad.
Apesar do convide oficial, Abdolahian não confirmou se seu país participará da reunião, que, apesar do nome “Genebra”, acontecerá na cidade suíça de Montreux. Em visita a Moscou, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, disse na quinta-feira passada que se fosse convidado, o país participaria da conferência.
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Em um comunicado feito a partir de Istambul, a oposição síria condicionou sua participação à retirada do Irã da mesa de negociações. “A Coalizão Síria anuncia que vai retirar sua participação em Genebra 2 a não ser que Ban Ki-moon retire o convite ao Irã”, disse o grupo em mensagem no Twitter, citando o porta-voz da Coalizão Nacional Louay Safi. Outro membro importante da Coalizão, Anas al-Abdah, disse à emissora Al Jazeera que o grupo ficou “surpreso” com o convite ao Irã. “É ilógico e não podemos, de forma alguma, aceitar isso”, disse.
Os Estados Unidos, no entanto, disseram que podem apoiar a participação do Irã no encontro, desde que o país declare explicitamente seu apoio ao plano, de junho de 2012, para uma transição política pacífica na Síria. “É algo que o Irã nunca fez publicamente e é algo que há muito deixamos claro que é um requisito”, disse a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki, em um comunicado. “Se o Irã não aceitar completa e publicamente o comunicado de Genebra, o convite deve ser revogado”, completou o porta-voz.
Ban Ki-moon anunciou neste domingo que tinha convidado o Irã para a conferência. “Como disse repetidamente, considero firmemente que o Irã deve ser parte da solução para a crise síria”, disse Ban. Além do Irã, Ban convidou ao encontro outros nove países: México, Austrália, Bahrein, Bélgica, Grécia, Coreia do Sul, Holanda, Luxemburgo e o Vaticano.
O Irã é um dos principais aliados do regime comandado pelo ditador Bashar Assad, que acusa Turquia, Arábia Saudita e Catar de apoiar os “terroristas” – como as autoridades sírias denominam aos opositores ao governo. Desde o início da guerra civil síria, em março de 2011, mais de 130.000 pessoas foram mortas e cerca de 2,4 milhões tiveram de deixar suas casas.
(Com agências Reuters e EFE)