Imã de NY diz que queima de Corão teria sido “um desastre”
Segundo o líder religioso, queimar os livros sagrados fortaleceria os radicais do mundo islâmico
Queimar o Alcorão teria provocado “um desastre no mundo muçulmano”, afirmou neste domingo o imã Feisal Abdul Rauf, responsável pelo polêmico projeto de construção de um centro islâmico a dois quarteirões do Marco Zero, em Nova York.
Em entrevista à rede de televisão ABC News, o imã de Nova York disse que o plano do pastor evangélico Terry Jones de promover uma fogueira com exemplares do Alcorão no aniversário dos atentados de 11 de setembro, ” fortaleceria os radicais e aumentaria as chances de ataques terroristas contra os Estados Unidos e os interesses americanos.”
Sobre o centro islâmico e a mesquita que pretende construir em Manhattan, perto do local onde ficavam as torres gêmeas do World Trade Center, Rauf argumentou que cancelar o projeto agora enviaria uma mensagem errada ao mundo muçulmano. “Minha maior preocupação com a mudança (do local) é que, no mundo muçulmano, as manchetes serão: ‘islã foi atacado nos Estados Unidos’. E isso também fortalecerá os radicais do mundo muçulmano, e os ajudará a recrutar militantes”, afirmou.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos viveram um debate sobre as posições do país em relação ao Islã, nove anos depois dos atentados de 2001. Uma pesquisa da rede de TV CNN revelou que 68% dos americanos são contrários à construção da mesquita e 29% se dizem favoráveis.
Em maio, o conselho municipal de Nova York aprovou a construção do templo muçulmano. O presidente Barak Obama manifestou seu apoio à polêmica iniciativa no começo de agosto. A obra contou desde o início com o apoio do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. O projeto prevê a construção de um centro comunitário nos moldes da Associação Cristã de Moços, com piscina, quadras, academia, auditório e uma sala de orações.
O Instituto de Pesquisa Pew estima que sejam 2,35 milhões de mulçumanos nos Estados Unidos, menos de 1% do total da população. Há 1.200 mesquitas em todo o país, dezenas delas em Nova York.
(Com agência France-Presse)