Hu Jintao: ‘Corrupção pode levar à queda do estado’
Em discurso na abertura do Congresso do Partido Comunista, presidente da China faz advertência a corruptos, após vários casos emergirem recentemente
Na abertura do Congresso do Partido Comunista, nesta quinta-feira, o presidente da China Hu Jintao ressaltou a necessidade urgente do partido lutar contra a corrupção interna sob a hipótese de um eventual fracasso causar “a queda do estado”.
Leia também:
China bloqueia paródia feita por Ai Weiwei de ‘Gangnam Style’
China reforma cúpula do Exército antes de trocar liderança
Perante os mais de dois mil delegados do PC reunidos no encontro, Hu qualificou a corrupção de “sério desafio” e declarou: “Se falharmos no tratamento desta questão, pode ser fatal para o partido, pode até mesmo causar o colapso do partido e a queda do estado”.
A afirmação do também secretário-greal do Partido Comunista chinês foi feita após o surgimento de vários casos e denúncias de dirigentes corruptos nos últimos meses. O escândalo de maior repercussão envolveu um dos antigos “príncipes” do regime comunista, Bo Xilai, mas até mesmo o primeiro-ministro Wen Jiabao teve que se defender de acusações de desvio de dinheiro, após a publicação de uma reportagem no jornal americano The New York Times no final de outubro. Leia também: China censura NYT após matéria sobre fortuna de premiê PC chinês anuncia investigação sobre fortuna de premiê Hu ainda fez uma advertência dura aos corruptos: ‘Ninguém está autorizado a colocar-se acima da organização do partido”, afirmou, acrescentando que “todos os que violarem a disciplina do partido e as leis estatais, não importa quem sejam ou a posição que tenham, deverão ser levados à Justiça sem piedade”.
Resposta – A tentativa da cúpula do regime de mostrar-se implacável com a corrupção teve um de seus grandes exemplos no caso Bo Xilai, ex-homem forte de Chongqing, uma metrópole de 30 milhões de habitantes do sudoeste da China. Acusado de corrupção, abuso de poder e relações “inapropriadas” com mulheres, ele foi expulso do partido, perdeu os cargos que ocupava, entre eles o de deputado, e com isso a imunidade parlamentar. Agora, Bo deve ser processado criminalmente.
Além disso, a esposa de Bo Xilai, Gu Kailai, foi condenada à pena de morte com sursis – suspensão condicional da pena e que neste caso equivale à prisão perpétua – em agosto pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood. Já Wang Lijun, chefe de polícia de Chongqing e braço direito de Bo Xilai, envolvido no caso, foi condenado a 15 anos de prisão por ter solicitado asilo político no consulado americano de Chengdu.
Outro caso de corrupção que explodiu este ano envolveu o ex-ministro das Ferrovias, Liu Zhijun, recentemente expulso do partido por ter aceitado suborno no curso da multimilionária construção da rede de alta velocidade chinesa. Já o primeiro-ministro Wen Jiabao, acusado de ter enriquecido graças à sua posição, tomou a iniciativa de pedir ao Partido Comunista que investigue o seu patrimônio.
Transição – O 18º Congresso do Partido Comunista da China, no qual será definida a nova cúpula do governo que comandará o país para a próxima década, se encerrará em 14 de novembro. No encontro, será nomeado secretário-geral do partido o atual vice-presidente, Xi Jinping, que nos próximos meses assumirá a chefia do estado.
(Com agência EFE)