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‘Guerreira da paz’ liberiana uniu mulheres em greve de sexo

Leymah Gbowee protegeu crianças que lutavam na guerra, ajudou a derrubar o brutal Charles Taylor e superou divisão religiosa para criar movimento feminino

Por Da Redação
7 out 2011, 09h09

Em meio a um dos mais brutais conflitos da história de seu país, Leymah chamou as mulheres a orar pela paz, sem distinção de religião

A liberiana Leymah Gbowee, uma das vencedoras do Nobel da Paz de 2011, foi uma criança frágil e doente. Teve rubéola, malária e cólera. Era chamada pelos parentes de “Vermelha”, porque tinha uma pele mais clara do que de costume entre a população da etnia Kpellé. Na vida adulta, porém, ganhou outro apelido, que ultrapassou as fronteiras da Libéria e revelou toda a sua coragem: “guerreira da paz”. A militante pacifista contribuiu para acabar com as guerras civis que devastaram seu país até 2003, mobilizando as mulheres de seu país através da oração e até de uma inusitada greve de sexo.

Em meio a um dos mais brutais conflitos da história de seu país, Leymah chamou as mulheres a orar pela paz, sem distinção de religião (o país está dividido entre uma maioria cristã e uma minoria muçulmana). Vestidas de branco, as seguidoras de Leymah conseguiram organizar grandes mobilizações populares. O movimento foi crescendo durante o conflito, até culminar em uma histórica “greve de sexo”. Lançada em 2002, a iniciativa levou as liberianas a negar sexo aos homens até que cessassem os combates – o que obrigou Charles Taylor, ex-chefe de guerra convertido em presidente, a envolve-las nas negociações de paz.

No bom caminho – Charles Taylor protagonizou alguns dos episódios mais conturbados da história do país. Em dezembro de 1989, depois de iniciar uma rebelião contra o então presidente liberiano Samuel Doe, ele tomou o controle de quase todo o território em poucos meses. Tornou-se presidente em 1997. Enfrentando uma revolta armada, viu-se obrigado a deixar o poder em 2003, sob a pressão da rebelião e da comunidade internacional. Durante a guerra e como assistente social, Leymah Gbowee conviveu diariamente com as crianças soldados, e transformou a proteção a elas numa de suas grandes bandeiras.

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Leymah diz ter percebido que “a única maneira de mudar as coisas, do mal para o bem, era fazer com que as mulheres e mães dessas crianças se levantassem e colocassem os filhos no bom caminho”. Mãe de seis filhos, morando em Gana desde 2005, ela foi tema de um documentário intitulado Pray the Devil Back to Hell (uma expressão equivalente a “reze para fazer o Diabo voltar ao inferno”). “Nada deveria levar uma pessoa a fazer o que foi feito com as crianças da Libéria, drogadas, armadas, convertidas em máquinas de morte”, explicou ela no filme (assista a algumas cenas do documentário no vídeo abaixo).

Força moral – Leymah também narra sua história numa autobiografia. No livro, ela diz que sua luta foi uma guerra diferente. “Trata-se de um exército de mulheres vestidas de branco, que se ergueram quando ninguém queria fazê-lo, sem medo, porque as piores coisas imagináveis já haviam ocorrido conosco”, escreveu. Leymah diz que “a força moral, a perseverança e a valentia” das mulheres liberianas conseguiram “levantar as vozes do país contra a guerra e reestabelecer o sentido comum na Libéria”. Com Charles Taylor fora do poder, ela participou da Comissão Verdade e Reconciliação, que revisou os crimes de guerra cometidos no país.

(Com agência France-Presse)

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