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Governo põe exército nas ruas da cidade mais violenta da Colômbia

Por Da Redação
22 mar 2014, 11h00

Com uma ‘intervenção especial’ de mais de 700 soldados, o governo da Colômbia militarizou nesta sexta-feira Buenaventura, a cidade portuária com os maiores índices de violência no país, cenário de dezenas de assassinatos, esquartejamentos e desaparecimentos forçados.

O ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, acompanhou a mobilização de tropas em sua segunda visita em 15 dias a Buenaventura, no sudoeste do país, no olho do furacão da opinião pública desde que foram descobertas várias das chamadas ‘casas de rivalidade’, lugares nos quais presumivelmente ocorrem os esquartejamentos de pessoas.

A militarização de algumas zonas, prevista já há algumas semanas por ordem do presidente, Juan Manuel Santos, aconteceu um dia depois que a ONG Human Rights Watch (HRW) apresentou um relatório alertando que ‘bairros inteiros da cidade se encontram sob o domínio de poderosas organizações que sucederam os paramilitares’.

Trata-se dos grupos ‘Los Urabeños’ e ‘La Empresa’, ambos herdeiros das desmobilizadas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC, paramilitares) e imersos em uma violenta guerra pelo controle do território e do tráfico de armas e drogas nesse ponto estratégico banhado pelas águas do Oceano Pacífico.

O titular da Defesa visitou nesta sexta-feira esses bairros localizados no setor conhecido como Bajamar, onde os humildes barracos de madeira foram erguidos sobre palafitas que os protegem da maré, mas não do flagelo do narcotráfico.

‘Por aí não pode!’, gritaram umas crianças quando o ministro entrou em uma das ruas escoltado por dezenas de homens fortemente armados e acompanhado de vários jornalistas, em referência a uma das chamadas ‘fronteiras invisíveis’ traçadas pelas organizações criminosas e que ameaçam de morte aqueles que resolvem atravessá-las.

No curso deste ano, mais de 50 pessoas foram assassinadas pelo crime organizado nessa cidade e algumas delas acabaram esquartejadas.

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Além disso, Buenaventura tem os maiores índices de desaparecimentos forçados da Colômbia, com 153 casos entre 2010 e 2013 segundo dados oficiais, e de deslocamento, com mais de 13 mil pessoas que tiveram que abandonar seus lares entre janeiro e outubro do ano passado, números que segundo a HRW são muito maiores.

Sobre a prática dos esquartejamentos, Pinzón disse nesta sexta-feira que um dos principais objetivos da intervenção militar na cidade é erradicar essa “prática inaceitável e incompreensível’.

Durante a visita, o ministro se dirigiu aos cidadãos para pedir sua ajuda ‘para que deixem de ver mortos’, enquanto alguns mais exaltados respondiam com a palavra de ordem ‘emprego’.

Cerca de 50% da população de Buenaventura está desempregada e 80% vive em condições de pobreza.

Uma fonte do comando policial da cidade reconheceu para a Agência Efe que o aumento do policiamento é ‘rejeitado’ por grande parte da população e que, além disso, ‘não serve’ para erradicar a violência.

‘Buenaventura necessita de investimento social, que os jovens trabalhem porque aqui não há nada para fazer’, acrescentou a fonte.

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Mas a visita do ministro, que começou cercada de tensão, acabou se transformando em uma festa. O político acabou cercado por crianças, que perambulavam ao seu redor sem se importar com os militares e suas metralhadoras, e a população demonstrou gratidão por sua proximidade.

Em um campo de futebol improvisado no meio de uma rua sem pavimento, um jovem se aproximou do ministro, lhe passou uma bola e disse: ‘faça um gol na violência’, enquanto algumas mulheres reivindicavam a construção de um campo esportivo de verdade.

A comitiva deixou o setor de Bajamar depois do anoitecer da sexta-feira, uma hora vetada normalmente para qualquer um que não seja de conhecimento dos integrantes das gangues que controlam esses bairros.

Com os 700 policiais, soldados e efetivos da Marinha que entraram nesta sexta-feira em Buenaventura, o número de membros das forças de segurança nessa cidade de meio milhão de habitantes, o maior porto colombiano no Pacífico, chega a cerca de 2,4 mil, segundo o ministro.

(Com Agência EFE)

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