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Em último debate, candidatos tentam conquistar indecisos

Barack Obama e Mitt Romney buscaram trazer a discussão, que originalmente seria exclusivamente sobre a política externa dos EUA, para âmbito doméstico

Por Da Redação
23 out 2012, 00h47

Na reta final da campanha presidencial nos Estados Unidos, o presidente democrata Barack Obama, que tenta a reeleição, e o republicano Mitt Romney se encontraram pela terceira vez, duas semanas antes das eleições de 6 de novembro, no último debate entre os candidatos. Para atrair os eleitores indecisos, os rivais tentaram trazer a discussão, que originalmente seria exclusivamente sobre a política externa dos EUA, para o âmbito doméstico. Durante os 90 minutos de discussão, Obama se manteve tranquilo e ao mesmo tempo agressivo, enquanto Romney se saiu melhor do que o esperado ao criticar os quatro anos de mandato do adversário.

A preocupação com a economia ficou evidente quando os candidatos tomaram um atalho da política externa direto para os cofres americanos. A economia foi o foco durante toda a campanha eleitoral, e o terceiro debate, que ocorreu na Universidade Lynn, em Boca Raton (Flórida), pode ser decisivo para as pretensões dos candidatos à Casa Branca, empatados segundo as últimas pesquisas.

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Ao responder a uma pergunta sobre o papel dos Estados Unidos no mundo atualmente, Romney afirmou que o país tem a responsabilidade de defender a liberdade e defender os princípios que tornam o mundo um lugar mais pacífico. “Esses princípios incluem direitos humanos, dignidade humana, liberdade de empreender, liberdade de expressão, eleições.” Ele acrescentou que, para desempenhar esse papel, os EUA precisam estar fortes. O republicano disse que não vai cortar o orçamento militar e ressaltou a importância de estar ao lado dos aliados.

Já Obama afirmou que os EUA estão mais fortes hoje do que quando ele assumiu o poder. O presidente destacou que as alianças foram reforçadas e que o país está sendo reconstruído, trazendo os empregos de volta e melhorando o sistema de educação para ter trabalhadores mais preparados no futuro. Ele também disse que está reduzindo o déficit, cortando gastos desnecessários e pedindo aos mais ricos que “paguem um pouco mais”. Ao falar sobre os gastos militares, disse que não se deve pensar apenas em orçamentos, mas em estratégias. “Temos que ter certeza que nossa economia é forte em casa para podermos projetar nosso poder militar.”

A primeira questão colocada pelo jornalista Bob Schieffer, mediador do encontro, foi sobre o ataque ao consulado americano em Bengasi, no qual morreu o embaixador americano na Líbia, J. Christopher Stevens. Depois disso, foi abordada a questão dos gastos militares e a postura dos EUA diante do programa nuclear iraniano. As mudanças no Oriente Médio após a chamada Primavera Árabe e o terrorismo na região também foram colocados em pauta. Outros temas foram as tensões entre Irã e Israel, a guerra no Afeganistão, a necessidade de intervenções militares e a China.

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Farpas – Obama criticou o rival republicano sobre suas propostas para o Oriente Médio, citando os seus apelos para aumentar o número de navios no Exército. O presidente afirmou que Romney quer levar os Estados Unidos de volta a uma postura da Guerra Fria que foi abandonada há muito tempo. “A Guerra Fria já terminou há 20 anos”, disse Obama. “Quando se trata de sua política externa, parece que você quer importar as políticas externas dos anos 1980”, acrescentou.

“Me atacar não é a melhor maneira de lidar com os desafios do Oriente Médio”, rebateu Romney. O republicano também ressaltou que a situação está deteriorando-se rapidamente na região e que parte disso é culpa da administração de Obama, citando a guerra civil na Síria, o perigo do Irã obter uma arma atômica e a morte do embaixador norte-americano na Líbia. Segundo o republicano, a política de Obama se restringe a matar os líderes terroristas, e não promove a democracia no mundo.

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Síria – Obama afirmou que os EUA vão continuar apoiando a oposição na Síria, mas criticou a proposta de fornecer armas pesadas aos rebeldes. “Não podemos pôr armas pesadas nas mãos de gente que poderia utilizá-las contra nós”, disse. “Devemos reconhecer que avançar rumo a um maior envolvimento militar é um passo sério. E devemos estar totalmente seguros de que sabemos quem estamos ajudando.”

O presidente americano se mostrou confiante de que “os dias de Bashar Assad estão contados”, mas acrescentou que são “os sírios que devem decidir o seu futuro”. “Devemos fazer o possível para criar uma liderança moderada na Síria, preparada para completar a transição de poder”, disse Obama, ressaltanto que seu governo promoveu sanções contra a Síria e buscou a coordenação com outros aliados na região.

Romney, por sua vez, afirmou que os EUA deveriam representar “um papel-chave” na Síria para colocar fim à crise no país e ter um papel de liderança na região, ao tempo que pediu a renúncia de Assad. O ex-governador de Massachusetts também se mostrou contrário a uma intervenção militar dos EUA na Síria e defendeu o prosseguimento da colaboração com os países aliados para buscar uma saída ao conflito.

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Irã – Romney disse que uma ação militar contra o Irã devido ao seu programa nuclear deve ser “o último recurso” a ser considerado e defendeu que esse país seja “isolado diplomaticamente”. “Estamos agora quatro anos mais próximos de um Irã nuclear, não deveríamos desperdiçar outros quatro anos”, alertou Romney. O candidato republicano afirmou que, se chegar à Casa Branca, os navios com petróleo iraniano não poderão entrar nos portos americanos. Também disse que fará com que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, seja perseguido sob a “Convenção do Genocídio”.

Obama, por sua vez, assegurou que suas sanções contra o regime iraniano são “as mais fortes da história” e prometeu que, enquanto for presidente, o Irã não conseguirá uma arma nuclear. O presidente também desmentiu as informações publicadas no sábado pelo diário The New York Times, segundo as quais os EUA acederam a um diálogo bilateral com o Irã sobre seu programa nuclear. “Não vamos permitir que o Irã se envolva constantemente em negociações que não vão a lugar algum. Se eles não cumprirem as demandas da comunidade internacional, tomaremos todos os passos necessários para nos assegurar de que não têm uma arma nuclear”, apontou Obama.

China – Obama disse que a China é atualmente um adversário, mas também pode ser um aliado importante. Ele prometeu continuar insistindo para que os chineses “joguem as mesmas regras” do comércio internacional. O presidente também afirmou que os recursos americanos às cortes internacionais de comércio estão sendo bem sucedidos e que esse é um caminho que deve ser mantido.

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Romney negou que queira declarar uma “guerra comercial” contra a China, mas relembrou os desequilíbrios cambiais que, segundo ele, provocam a perda de empregos no país. Obama criticou Romney por ter investido em empresas que promovem empregos na China e disse que ele, ao contrário, aposta nos trabalhadores americanos.

América Latina – A única menção à América Latina foi feita por Romney, ao expor seus planos de aumentar o intercâmbio comercial. “Não temos aproveitado totalmente nossas oportunidades na América Latina”, disse, citando que a economia da região é quase tão grande quanto a chinesa – e tropeçando na matemática. “A América Latina representa uma oportunidade gigantesca para nós.”

Caio Blinder comenta o fim do ciclo de debates na corrida eleitoral americana:

“No balanço dos três debates, Romney é o vencedor, devido ao seu desempenho no primeiro, quando cimentou sua reputação como uma alternativa com credibilidade ao presidente”

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