Em meio a escândalo, Obama nomeia novo comissário para o Fisco
Danny Werfel, funcionário da Casa Branca, substituirá Steven Miller, que foi “forçado” a renunciar. Mudança não deve reduzir críticas ao governo democrata
O novo chefe do Fisco americano, o Internal Revenue Service, é Danny Werfel, assessor orçamentário da Casa Branca. Ele foi nomeado pelo presidente Barack Obama para o lugar de Steven Miller, que deixou o cargo em meio ao escândalo da perseguição do Fisco a grupos que se opõem ao governo. Substituir o comando de um órgão quando há um problema é uma prática comum, mas pode não surtir o desejado efeito de abafar as críticas. A administração Obama está no foco tanto de republicanos como de democratas não apenas pelo escândalo no IRS, mas também pela manipulação de documentos relacionados ao ataque em Bengasi, em setembro do ano passado, e pela interceptação de registros telefônicos de jornalistas da agência Associated Press, em um atentado à liberdade de imprensa.
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No caso do Fisco, ao longo de um ano e meio, grupos de oposição ao governo democrata, ou meramente não alinhados a ele, tiveram seus pedidos de isenção de impostos negados ou foram submetidos a escrutínio indevido. Também foi revelado que o IRS chegou a vasculhar as contas de grupos conservadores no Facebook, para analisar posts e até para saber quais livros os membros das instituições estavam lendo. Neste cenário, Miller foi “forçado” a renunciar. E agora, Werfel terá a missão de arrumar a bagunça. Ele deverá iniciar suas atividades no próximo dia 22. “Minha maior preocupação é resolver o problema. E nós iniciamos este processo ontem ao pedir e aceitar a renúncia do diretor interino”, disse Obama, em entrevista coletiva nesta quinta-feira.
Pouco depois do anúncio do novo diretor, a cúpula do Fisco perdeu mais um integrante. Joseph Grant, chefe da divisão de isenções tributárias e entidades governamentais planeja se aposentar no início de junho, segundo comunicado do IRS.
“Desconhecimento” – Na entrevista, ele também rejeitou a criação de um conselho especial para investigar o caso, considerando que a investigação criminal anunciada pelo Departamento de Justiça é suficiente. Voltou a dizer que só soube das irregularidades no Fisco depois que as informações de um relatório do Tesouro vazaram para a imprensa. E a defender que todos os envolvidos sejam responsabilizados. “É simplesmente inaceitável que haja sequer um indício de partidarismo ou ideologia quando se trata da aplicação de nossas leis tributárias”.
(Com agência Reuters)